Pesquisadores da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, divulgaram no Journal of Tissue Engineering os resultados de um estudo que apresenta um modelo tridimensional inovador para o estudo de infecções orais e desgaste da mucosa causado pelo uso prolongado de próteses dentárias.
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O modelo, desenvolvido por especialistas em odontologia e imunologia, é composto por um hidrogel de colágeno que replica tecidos humanos. Ele contém tipos de células comuns no corpo humano, oferecendo um ambiente realista para estudos laboratoriais.
Nos testes realizados, o modelo foi exposto a agentes patogênicos como Candida albicans e Staphylococcus aureus. Os resultados mostraram respostas semelhantes às observadas em pacientes reais, o que indica que o modelo pode ser uma ferramenta confiável para o estudo de infecções orais em larga escala.
Além disso, os pesquisadores planejam utilizá-lo para analisar como a mucosa oral — o tecido que reveste o interior da boca — reage ao desgaste causado pelo uso prolongado de próteses dentárias.
Aplicações
Segundo os autores, o modelo pode ter aplicações além da cavidade oral. Por exemplo, ele poderia ser usado para investigar doenças do sistema digestivo, como a doença de Crohn, devido à similaridade entre os tecidos epiteliais envolvidos.
O projeto foi liderado pelo professor associado Vehid Salih, em parceria com o professor Andrew Foey, especialista em imunologia, e a Dra. Samantha Gould, ex-doutoranda da universidade.
“O desenvolvimento de modelos tridimensionais de tecidos é crucial para nossa pesquisa odontológica. Eles permitem a simulação controlada de patologias e doenças, além de oferecer uma alternativa reproduzível para investigações de saúde oral,” explicou Salih.
Ele também destacou que o modelo pode ser usado para testar produtos de saúde oral, estudar doenças como câncer bucal e estomatite protética, e investigar respostas imunológicas mais amplas a infecções.
Novo projeto
O estudo inicial já deu origem a um novo projeto liderado pelo professor Simon Whawell, que explora como o uso prolongado de próteses dentárias afeta o tecido oral. A pesquisa busca compreender melhor os impactos físicos das dentaduras, que, segundo estimativas, são usadas por até 15% dos pacientes que frequentam consultórios odontológicos na Inglaterra.
Embora as próteses sejam ajustadas individualmente para cada paciente, há pouca investigação sobre como o uso contínuo afeta o revestimento da boca. O projeto permitirá análises detalhadas de como o tecido reage à pressão repetida, buscando melhorar o conforto e a durabilidade desses dispositivos.
Com essas iniciativas, a Universidade de Plymouth reforça sua posição como uma referência em pesquisa odontológica avançada, beneficiando tanto profissionais quanto pacientes.