Uma pesquisa inovadora realizada na Coreia do Sul trouxe novos esclarecimentos sobre a relação entre periodontite e diabete mellitus tipo 2, condições de saúde prevalentes que apresentam impactos tanto locais quanto sistêmicos. Liderado pelo professor assistente Yun Hak Kim, da Universidade Nacional de Pusan, o estudo utilizou sequenciamento de RNA unicelular para investigar alterações imunológicas no nível celular, revelando conexões significativas entre as duas doenças.
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Os resultados foram publicados na revista Clinical and Translational Medicine e destacam o papel da resposta imunológica no desenvolvimento e na interação entre essas condições.
A pesquisa analisou células mononucleares do sangue periférico de três grupos: indivíduos saudáveis, pacientes com periodontite e pessoas com periodontite associada ao diabete tipo 2. Utilizando a análise de RNA unicelular, os cientistas identificaram mudanças significativas nas funções imunológicas:
- Monócitos clássicos mostraram um aumento de citocinas pró-inflamatórias em pacientes com diabete tipo 2.
- Linfócitos T apresentaram alterações, como ativação reduzida de células T efetoras CD4+ e comprometimento funcional de células T CD8+.
- Células NK (natural killer) também apresentaram desempenho reduzido em pacientes com ambas as condições, sugerindo uma ampla disfunção imunológica.
Além disso, o estudo destacou a intensificação da via RESISTIN, associada à resistência à insulina, principalmente em monócitos clássicos. Essa descoberta sugere que a via desempenha um papel compartilhado e crucial na relação entre a periodontite e o diabete tipo 2.
O estudo revelou que níveis elevados de RESISTIN também foram detectados no sangue de pacientes com periodontite, mesmo sem a presença de diabete. Isso sugere que a periodontite, por si só, pode desencadear inflamação sistêmica e aumentar o risco de desenvolver diabete.
“Nosso estudo destaca as alterações imunológicas específicas associadas à periodontite e ao diabetes mellitus, além das vias compartilhadas que se intensificam na presença de ambas as condições”, explicou o professor Yun Hak Kim.
Os pesquisadores acreditam que intervenções focadas no tratamento da periodontite podem contribuir para o controle glicêmico e reduzir a probabilidade de progressão para o diabete mellitus tipo 2.
Com base nos resultados, o estudo reforça a importância de enxergar a saúde bucal como um componente essencial da saúde sistêmica. O Dr. Kim concluiu:
“Incorporar terapias suplementares para tratar a periodontite pode não apenas melhorar o controle glicêmico, mas também reduzir os riscos associados ao diabetes mellitus. Reconhecer essa interação tem implicações importantes para os cuidados de saúde, a saúde pública e o bem-estar geral dos indivíduos.”
Avanços científicos
A utilização do sequenciamento de RNA unicelular trouxe um olhar detalhado sobre as alterações imunológicas em pacientes com periodontite e diabete tipo 2, avançando o entendimento da complexa interação entre essas condições. Os resultados abrem portas para o desenvolvimento de terapias que possam diminuir o risco e o impacto dessas doenças.
Este estudo ressalta o potencial transformador da abordagem interdisciplinar, com reflexos importantes tanto na prática clínica quanto na formulação de políticas de saúde pública.