O professor Ricardo Sérgio Couto de Almeida, do Departamento de Microbiologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), está à frente de um projeto inovador financiado com Bolsa de Desenvolvimento Tecnológico (DT) do CNPq. A pesquisa, que utiliza membranas de nanocelulose bacteriana, propõe soluções avançadas para tratamentos odontológicos, incluindo enxertos gengivais, tratamentos de canal e cuidados com aparelhos dentários. A informação é do O Perobal, vinculado à UEL.
A ideia surgiu de forma inesperada, quando o professor Gerson Nakazato, colega de departamento, apresentou uma membrana de nanocelulose bacteriana pronta para experimentos. Após ser triturada e misturada com água, a membrana se transforma em um gel com múltiplas aplicações na odontologia.
Ricardo Almeida, formado em Odontologia pela UEL, doutor em Microbiologia pela Friedrich Schiller Universität Jena (Alemanha), e especialista em Endodontia, viu na nanocelulose uma oportunidade de desenvolver soluções práticas e mais acessíveis para o mercado odontológico brasileiro.
O projeto de pesquisa, que teve início oficial há seis meses, foca em três produtos principais:
- Membrana para enxertos gengivais:
O produto mais complexo e de longo prazo, essa membrana visa prevenir a retração gengival após enxertos. Atualmente, as membranas disponíveis no mercado são importadas e têm custo elevado. A nova solução pretende oferecer uma alternativa nacional e mais acessível. Participam desta etapa uma doutoranda e uma bolsista PIBIT. - Solução irrigante para tratamento de canal:
Praticamente concluída, esta solução utiliza nanocelulose como espessante e veículo para antissépticos, oferecendo propriedades antimicrobianas ideais para o biofilme microbiano no canal dentário. Ricardo destaca que testes preliminares com diferentes substâncias, como canela e nanopartículas, resultaram na formulação mais eficaz. - Gel antisséptico bucal:
Desenvolvido especialmente para usuários de aparelhos dentários transparentes, como o invisalign, o gel antisséptico tem a função de combater a proliferação de bactérias e reduzir problemas como boca seca e halitose. Além da funcionalidade, o professor está testando sabores, como o de pitanga, para tornar o produto mais atrativo.
Ricardo Almeida enfatiza a importância de levar as inovações do laboratório para o mercado. “Não adianta criar produtos e deixá-los guardados. Eles precisam estar disponíveis para quem realmente necessita”, afirma. O pesquisador já mantém contato com empresas interessadas em licenciar os produtos.
Colaboração
O projeto conta com a colaboração dos professores Gerson Nakazato, Luciano Aparecido Panagio e Renata Kobayashi, além das estudantes Miriam Sumini (doutoranda), Beatriz Lopes (Iniciação Científica) e Yasmin Victorino (Iniciação Tecnológica).
A pesquisa já foi apresentada em eventos científicos e resultou em uma patente, com outra em processo de submissão. O trabalho está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3 da ONU, que visa garantir saúde e bem-estar. O projeto também integra o Centro Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Bioengenharia (CENPIB), uma rede de pesquisadores da UEL e das Universidades Federais do Rio de Janeiro e de Santa Catarina.
Com essas iniciativas, a equipe busca não apenas avanços científicos, mas também contribuir para uma odontologia mais acessível e eficiente no Brasil.