Pesquisadores descobriram um potencial tratamento para doenças gengivais graves que também pode impactar condições sistêmicas relacionadas. O Fusobacterium nucleatum, uma bactéria patogênica associada à periodontite e a várias doenças crônicas, foi alvo de um estudo que promete mudar a abordagem do tratamento periodontal.
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O estudo liderado pelo cientista Alpdogan Kantarci, da ADA Forsyth, apresentou resultados promissores com o uso do antibiótico FP 100, conhecido como higromicina A. “Os dados foram muito claros”, destacou Kantarci. “Com o FP 100, conseguimos eliminar o Fusobacterium nucleatum da cavidade oral, reverter a destruição tecidual e prevenir a progressão da doença sem prejudicar o microbioma benéfico.”
A eficácia do FP 100 foi demonstrada tanto em laboratório quanto em modelos de ratos com periodontite, sob a liderança dos pesquisadores Nil Yakar Yilmaz e Ozge Unlu, com o apoio de outros cientistas renomados.
Atualmente, a doença gengival afeta 47% das pessoas acima de 30 anos e 60% daquelas com mais de 65 anos. Estágios avançados da condição levam à destruição óssea e à perda dentária, sendo que os tratamentos disponíveis, além de não serem curativos, raramente estão cobertos por seguros odontológicos.
A principal inovação do FP 100 está em sua capacidade de atacar exclusivamente as Fusobactérias, preservando as bactérias benéficas essenciais para a saúde bucal e geral. Isso representa uma mudança no uso de antibióticos, que frequentemente eliminam bactérias boas e ruins, dificultando o controle da doença.
“Tratar doenças gengivais sem prejudicar o microbioma saudável é revolucionário”, afirmou Kantarci. “Além disso, o FP 100 evita o desenvolvimento de superbactérias, sendo um avanço significativo no combate aos agentes patogênicos.”
A influência do Fusobacterium nucleatum vai além da cavidade oral, contribuindo para o desenvolvimento de doenças graves, como cânceres do cólon e pâncreas, doenças cardiovasculares, Alzheimer e artrite reumatoide.
“Essa bactéria é como um cavalo de Troia”, explicou Kantarci. “Ela pode viajar pela corrente sanguínea e colonizar outros tecidos, causando doenças em locais distantes da boca.”
Potencial clínico
O FP 100 foi redescoberto por uma equipe da Northeastern University liderada por Kim Lewis, originalmente focada no tratamento da doença de Lyme. Agora, a ADA Forsyth e a Flightpath Biosciences buscam ampliar sua aplicação, explorando o impacto do antibiótico em ensaios clínicos para tratar não apenas doenças gengivais, mas também condições sistêmicas relacionadas ao Fusobacterium nucleatum.
“Estamos abrindo novas fronteiras no tratamento de doenças locais e sistêmicas”, concluiu Kantarci. “Essa abordagem seletiva promete transformar os cuidados com a saúde e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.”
A patente do FP 100 já foi registrada, e os estudos clínicos deverão confirmar sua eficácia e segurança, potencialmente tornando o tratamento um divisor de águas na odontologia e na medicina.