Uma nova máscara para apneia do sono, desenvolvida por pesquisadores da USP, promete transformar o tratamento do distúrbio respiratório que afeta cerca de um terço da população brasileira. A tecnologia inovadora, derivada de turbinas a gás, elimina o desconforto da máscara tradicional e previne o “engasgo com o ar”, principal motivo de abandono do tratamento. O tema foi destaque no Jornal da USP.
A terapia CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) é o tratamento mais comum para a apneia do sono. No entanto, muitos pacientes abandonam o tratamento devido ao desconforto da máscara, que pressiona o rosto e impede a respiração natural pela boca. Além disso, o fluxo constante de ar pode causar a sensação de “engasgo”, dificultando o sono.
A nova máscara, desenvolvida no Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da USP, utiliza tecnologia derivada de turbinas a gás para resolver os problemas do CPAP tradicional. A máscara possui uma divisória entre as cavidades nasais e bucais e um sistema de diodo fluídico que regula a pressão do ar em cada cavidade. Essa tecnologia impede que o ar da boca retorne ao nariz, evitando o “engasgo” e permitindo que o paciente respire naturalmente pela boca quando necessário.
“Isso acontece porque pessoas com problemas respiratórios tendem a respirar pela boca, e, quando o fazem, transferem o ar para o nariz, que é a forma que o corpo reconhece como correta. Ao fazerem isso, aplicam força para respirar novamente pela boca, o que gera o engasgo, replicando o que ocorre com a pessoa quando ela não utiliza o equipamento”, detalha Bernardo Diniz Lemos, doutorando na Poli e pesquisador no RCGI ao Jornal da USP.
Além da tecnologia inovadora, a nova máscara também se destaca pelo design leve e macio, que se adapta melhor ao rosto do paciente. O material utilizado na máscara reduz o atrito e a pressão na pele, proporcionando maior conforto durante o sono.
A máscara utiliza apenas uma bomba de ar, ao contrário dos modelos tradicionais que necessitam de duas, reduzindo o ruído do equipamento. O design simples da máscara facilita o ajuste e a colocação, tornando-a mais prática para uso em casa ou em ambiente hospitalar.
Testes clínicos prometem confirmar resultados promissores
Os pesquisadores planejam realizar testes clínicos com a nova máscara para avaliar sua eficácia e segurança em humanos. Os resultados preliminares em modelos geométricos são promissores e indicam que a máscara pode melhorar significativamente a adesão ao tratamento da apneia do sono.
“Utilizamos uma técnica chamada de diodo fluídico, que é uma válvula [semelhante a um cano] sem partes móveis e com filamentos curvados, desenhados de forma a facilitar a transmissão do ar do nariz [por onde ele chega] para a boca [onde é a saída de ar], e dificultar a volta do ar da boca para o nariz. Desta forma, quando a pessoa abrir a boca, a válvula vai impedir que o ar se transfira para o nariz, o que previne o engasgo”, destacou outro pesquisador do estudo, Vítor Augusto Andreghetto Bortolin ao Jornal da USP.
Se os testes clínicos confirmarem os resultados preliminares, a nova máscara pode revolucionar o tratamento da apneia do sono, proporcionando mais conforto, adesão e qualidade de vida aos milhões de pessoas afetadas pelo distúrbio. A tecnologia inovadora desenvolvida pelos pesquisadores da USP também pode ser aplicada em outras áreas da medicina e da engenharia.