Um novo modelo de inteligência artificial (IA) desenvolvido por pesquisadores do Laboratório ALIVE (Ateneo Laboratory for Intelligent Visual Environments), em parceria com cientistas internacionais, promete revolucionar o diagnóstico odontológico. Com 98,2% de precisão, a tecnologia é capaz de identificar estruturas dentárias e sinusais em radiografias, oferecendo um novo caminho para diagnósticos mais rápidos e assertivos. Os resultados foram publicados na revista científica Bioengineering.
O sistema, baseado em um algoritmo avançado de detecção de objetos, foi treinado para identificar a sinusite odontogênica — uma condição frequentemente confundida com a sinusite comum e que, se não tratada corretamente, pode evoluir para complicações mais graves, como infecções na face, nos olhos e até no cérebro.
A sinusite odontogênica tem origem em infecções ou problemas nos dentes superiores, mas seus sintomas — como congestão nasal, secreção com odor desagradável e dor de dente ocasional — são semelhantes aos da sinusite tradicional. A condição é de difícil identificação e, em muitos casos, passa despercebida por médicos generalistas, especialmente porque apenas cerca de um terço dos pacientes apresenta dor de dente perceptível.
Para enfrentar esse desafio, os pesquisadores treinaram modelos de aprendizado profundo usando imagens de radiografias panorâmicas dentárias (DPR). O objetivo era identificar com precisão a relação anatômica entre os dentes e os seios nasais — algo essencial para o diagnóstico da sinusite odontogênica.
O modelo utilizado foi o YOLO 11n (You Only Look Once), uma versão aprimorada do já conhecido algoritmo de detecção de objetos, reconhecido por sua velocidade e precisão. Ao processar a imagem em uma única passagem, o YOLO 11n conseguiu detectar dentes e estruturas sinusais com altíssima eficiência.
Diferente dos métodos tradicionais, que exigem múltiplas etapas e interpretação especializada, o modelo é capaz de identificar em tempo real as áreas afetadas, facilitando o trabalho dos profissionais de saúde.
Menos radiação
Além da alta precisão, a nova abordagem traz ganhos práticos importantes. Um deles é a redução da necessidade de tomografias computadorizadas — o atual padrão ouro no diagnóstico da sinusite odontogênica — o que minimiza a exposição do paciente à radiação.
Outro benefício é o custo: por depender de radiografias panorâmicas, o sistema pode ser implementado em regiões com poucos recursos, onde o acesso a tecnologias de imagem mais avançadas é limitado.
A IA também pode funcionar como uma ferramenta de triagem eficiente, sinalizando possíveis casos ainda nas fases iniciais e permitindo intervenções mais rápidas. Isso reduz o risco de complicações e desafoga os serviços de saúde.