Uma pesquisa realizada pelo University of Michigan Health C.S. Mott Children’s Hospital National Poll on Children’s Health revelou que a rotina de cuidados orais das crianças está diretamente ligada à incidência de problemas dentários. O levantamento, realizado em agosto de 2024, contou com a participação de 1.801 pais com filhos entre 4 e 17 anos e mostrou que muitas crianças não seguem corretamente as recomendações básicas de higiene bucal. Mais de 33% dos responsáveis afirmaram que as crianças e adolescentes tiveram problemas dentários relacionados com hábitos de higiene oral.
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De acordo com a pesquisadora Sarah Clark, co-diretora da pesquisa, a manutenção da saúde oral desde a infância é essencial para prevenir cáries, doenças gengivais e outros problemas que podem afetar a mastigação e a fala das crianças. “Mais de um terço dos pais relataram que seus filhos não escovam os dentes duas vezes por dia, o mínimo recomendado para uma boa higiene oral”, afirmou Clark.
O estudo apontou que 64% dos pais afirmaram que seus filhos escovam os dentes duas vezes ao dia, e cerca de 60% disseram que a escovação dura pelo menos dois minutos. Entretanto, outras práticas recomendadas de higiene bucal são menos seguidas. Apenas um terço dos pais declarou que seus filhos escovam a língua regularmente, e menos de um quarto afirmou que fazem uso frequente do fio dental.
Clark explica que tanto a língua quanto os espaços entre os dentes são locais propícios ao acúmulo de bactérias, que podem causar cáries, doenças gengivais e mau hálito. Outro hábito pouco comum é enxaguar a boca com água após o consumo de alimentos ou bebidas açucaradas, prática adotada por apenas 15% das crianças, segundo os pais entrevistados.
O estudo também revelou que apenas um em cada cinco pais afirmou que seus filhos realizam pelo menos quatro das seis principais práticas recomendadas de higiene oral na maioria dos dias. Os meninos apresentaram menos consistência nesses hábitos do que as meninas. As crianças que seguiam menos essas práticas tiveram uma incidência maior de problemas bucais.
A pesquisa também indicou que mais de um terço dos pais relataram que seus filhos têm mau hálito, especialmente aqueles que seguem apenas uma ou nenhuma prática de higiene oral diariamente. As principais causas apontadas pelos pais foram o “hálito matinal” e a falta de escovação e uso do fio dental. Menos de um quarto dos entrevistados associou o problema a fatores como alimentação, respiração bucal ou doenças dentárias.
Segundo Clark, negligenciar os hábitos de higiene oral pode comprometer a saúde geral e levar a problemas como descoloração dos dentes e mau hálito, o que pode afetar a autoestima das crianças. Ela destaca a importância de os pais garantirem tempo suficiente para a higiene oral das crianças pela manhã e à noite, além de ensiná-las a escovar os dentes e usar o fio dental corretamente.
Visitas regulares ao dentista
A maioria dos pais entrevistados afirmou que seus filhos tiveram uma consulta odontológica no último ano, mas 7% disseram que a última visita ocorreu há um ou dois anos, e 4% afirmaram que já se passaram mais de dois anos desde a última consulta. Os pais que relataram que seus filhos seguem poucas ou nenhuma das recomendações de higiene bucal também são mais propensos a relatar que seus filhos não visitam o dentista regularmente.
A Associação Dentária Americana recomenda consultas odontológicas a cada seis meses para detectar precocemente cáries, monitorar o crescimento dos dentes e orientar famílias sobre higiene oral. “As necessidades de saúde bucal de cada criança são únicas. O dentista pode oferecer recomendações personalizadas, como a aplicação de selantes ou verniz de flúor para prevenir cáries”, explica Clark.
A especialista enfatiza que a prevenção e o acompanhamento regular evitam tratamentos mais invasivos no futuro. “A detecção precoce permite uma intervenção oportuna, reduzindo a necessidade de procedimentos complexos”, conclui.