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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as infecções associadas à assistência à saúde (IAH) representam um risco significativo para pacientes, levando a internações prolongadas, complicações de saúde e uma taxa de mortalidade de até 10%. Um dos maiores desafios no tratamento dessas infecções é a resistência das bactérias a múltiplos medicamentos.
O estudo conduzido por cientistas da ADA Forsyth Institute (AFI) identificou que a Klebsiella, mesmo presente em pessoas saudáveis, tem uma capacidade natural de multirresistência. Essa bactéria, quando privada de nutrientes, não só sobrevive, mas também domina outras bactérias na mesma comunidade microbiana.
“A nossa pesquisa demonstrou que a Klebsiella pode superar outros microrganismos na comunidade quando enfrenta privação de nutrientes”, afirmou Dr. Batbileg Bor, professor associado da AFI e principal autor do estudo. A equipe analisou amostras de saliva e fluidos nasais para estudar como a bactéria reage a condições extremas.
“Nessas condições, a Klebsiella prolifera rapidamente, eliminando outras bactérias enquanto continua a crescer”, explicou Bor. Além disso, a bactéria pode se alimentar de outras células bacterianas mortas, o que prolonga sua sobrevivência mesmo em ambientes hostis.
Agente patogênico
A Klebsiella é uma das três principais causadoras de infecções adquiridas em hospitais, como pneumonia e complicações intestinais. Naturalmente presente na cavidade oral e nasal de indivíduos saudáveis, a bactéria pode se tornar patogênica em condições específicas, como em ambientes hospitalares.
“Os hospitais criam condições ideais para a propagação da Klebsiella”, explicou Bor. Ele destacou que superfícies contaminadas, ralos de lavatórios e pacientes em ventilação mecânica oferecem cenários de privação de nutrientes onde a bactéria prospera.
O estudo também apontou que a Klebsiella é menos prevalente na cavidade oral, onde há uma maior diversidade microbiana, em comparação à cavidade nasal, que possui menos variedade de bactérias. Essa diferença sugere que a diversidade microbiana e a presença de bactérias comensais podem ajudar a limitar o crescimento da Klebsiella.
“As bactérias comensais na boca podem ter um papel importante no controle da Klebsiella”, apontaram os pesquisadores. Contudo, quando o paciente é submetido à ventilação mecânica, a falta de ingestão oral de alimentos reduz os nutrientes disponíveis para essas bactérias, favorecendo o crescimento da Klebsiella.
A pesquisa oferece informações valiosas sobre a transmissão e propagação de infecções hospitalares, destacando a necessidade de estratégias mais eficazes de prevenção e controle.
Os cientistas sugerem que medidas que promovam a diversidade microbiana, especialmente em ambientes hospitalares, podem ser cruciais para reduzir a proliferação da Klebsiella. Além disso, as descobertas podem contribuir para o desenvolvimento de tratamentos mais direcionados contra infecções causadas por essa bactéria.