Um estudo publicado na revista BMC Public Health revelou que o impacto econômico da cárie dentária é desproporcionalmente maior em grupos socioeconômicos vulneráveis. No Reino Unido, os custos estimados por pessoa chegam a 18.000 libras (cerca de R$ 110 mil), podendo ser drasticamente reduzidos com medidas preventivas direcionadas.
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O estudo, encomendado pela Federação Europeia de Periodontologia (EFP), analisou o peso econômico da cárie dentária em seis países: Reino Unido, Brasil, França, Alemanha, Indonésia e Itália. Liderada por uma equipe internacional de pesquisadores, incluindo os professores Moritz Kebschull e Iain Chapple, da Escola de Odontologia da Universidade de Birmingham, a pesquisa utilizou um modelo de simulação para estudar os custos associados à cárie dentária desde a adolescência até a meia-idade.
O modelo baseou-se em dados nacionais sobre dentes cariados, perdidos e obturados, considerando também a probabilidade relativa de intervenções odontológicas, como restaurações, extrações e substituições dentárias. Além disso, foram incluídos pressupostos clínicos para diferentes grupos socioeconômicos. Os resultados mostraram que o impacto econômico é mais severo entre os mais carentes, especialmente no Reino Unido, onde os custos por pessoa são os mais elevados entre os países analisados.
O professor Iain Chapple destacou a importância de medidas preventivas para combater as desigualdades na saúde oral. “Nosso estudo enfatiza a necessidade de intervenções precoces e sustentadas para reduzir as disparidades econômicas e de saúde associadas à cárie dentária. Ao priorizar as populações vulneráveis, podemos reduzir custos e melhorar os indicadores de saúde oral”, afirmou.
Prevenção como solução
O estudo também avaliou como medidas preventivas poderiam reduzir os custos com cuidados odontológicos. Entre as iniciativas analisadas, destacam-se a fluoretação da água, a tributação de bebidas açucaradas, programas de educação em escolas e campanhas de conscientização sobre saúde oral. Além disso, a prática individual de higiene oral, como escovação com creme dental fluoretado e aplicação tópica de flúo, foi considerada fundamental.
As estimativas apontam que tais medidas poderiam reduzir em 30% as taxas de progressão da cárie. No Reino Unido, as populações mais carentes poderiam ter uma redução de até 14.000 libras (aproximadamente R$ 86 mil) nos custos por pessoa.
O professor Moritz Kebschull destacou a importância de iniciar os cuidados preventivos cedo. “Identificamos que os grupos mais carentes já apresentam maior incidência de cárie desde a infância, o que resulta em custos mais elevados ao longo da vida. Por isso, é essencial focar na prevenção desde cedo e mantê-la ao longo da vida”, afirmou.
Os resultados reforçam a necessidade de uma abordagem de saúde pública inclusiva para a gestão da cárie dentária, alinhada à Resolução da Organização Mundial da Saúde sobre saúde oral. A implementação de medidas preventivas não apenas beneficia a saúde das populações, mas também promove economias significativas para os sistemas de saúde