Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Gotemburgo identificou novas lesões gengivais em pacientes que utilizam o “snus” branco, uma versão sem tabaco do produto popular na Suécia. Os resultados apontam que as lesões são significativamente diferentes das observadas em usuários do “snus” tradicional, feito à base de tabaco.
A pesquisa analisou pacientes encaminhados por clínicas odontológicas para o serviço de assistência universitária em odontologia. Os especialistas constataram que os consumidores de “snus” branco desenvolvem lesões vermelhas e dolorosas nas gengivas, além de apresentarem um tempo de cicatrização prolongado. Em alguns casos, úlceras também foram identificadas na mucosa bucal.
O estudo também revelou um aumento expressivo no consumo do “snus” branco entre os jovens. Dados inéditos do Instituto SOM da Universidade de Gotemburgo mostram que 25% das pessoas entre 16 e 29 anos consomem regularmente o produto. Entre as mulheres dessa faixa etária, o percentual chega a 27%.
Os pesquisadores demonstram preocupação com os efeitos do “snus” branco. Enquanto o “snus” tradicional causa enrugamento da mucosa e espessamento esbranquiçado no local de contato, a nova versão está associada a um afinamento da membrana mucosa e inflamações severas.
“Estamos mais preocupados com essas lesões, pois são completamente diferentes das que observamos no ‘snus’ comum. Notamos vermelhidão intensa e um afinamento preocupante da mucosa. As amostras de tecido revelaram inflamação grave, e recomendamos que os usuários parem imediatamente se notarem qualquer alteração”, alerta a Dra. Gita Gale, cirurgiã-dentista e uma das responsáveis pelo estudo.
Outro fator alarmante identificado pela pesquisa é o tempo prolongado de recuperação das lesões associadas ao “snus” branco. Nos usuários do “snus” tradicional, a mucosa gengival tende a se regenerar em poucas semanas após a interrupção do consumo. Já entre os usuários do “snus” branco, os danos podem persistir por vários meses, chegando a durar até um ano.
A pesquisa, financiada por recursos independentes, busca aprofundar a compreensão sobre os efeitos do “snus” branco. O estudo não aceita financiamento de empresas ligadas à indústria do tabaco ou desse tipo de produto.
A equipe de pesquisa está analisando cerca de 40 pacientes que desenvolveram lesões na mucosa oral após o uso do “snus” branco. Os cientistas investigam os tipos de alterações na mucosa, os fatores de risco associados e a gravidade das inflamações e das modificações teciduais. Para comparação, os resultados serão cotejados com dados de usuários do “snus” tradicional, além de um grupo de controle composto por pessoas sem histórico de consumo do produto e com mucosa oral saudável.
A pesquisa deverá continuar por pelo menos cinco anos, com inclusão gradual de novos participantes. Um dos principais motivadores do estudo é o aumento expressivo do consumo de “snus” branco entre os jovens, especialmente entre as mulheres.
“O consumo desse produto atingiu níveis alarmantes, principalmente entre os jovens. No entanto, ainda sabemos muito pouco sobre as suas consequências a longo prazo”, destaca a Dra. Gale.
O estudo é liderado pela Dra. Gita Gale, Ph.D. e professora sênior em medicina oral na Universidade de Gotemburgo, em parceria com a patologista oral Jenny Öhman, professora associada e especialista em patologia oral na mesma instituição.