Evidências científicas comprovam que os enxaguantes bucais antissépticos são ferramentas altamente eficazes no tratamento da gengivite e da periodontite, bem como na prevenção da recorrência da periodontite, segundo o relatório Princípios para a Saúde Oral, divulgado pela Fundação SEPA no EuroPerio11, o principal congresso mundial de periodontia realizado a cada três anos.
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Este documento científico é o núcleo da nova iniciativa da SEPA, Princípios para a Saúde Oral (POH), patrocinada pela Listerine. Essa ambiciosa campanha de conscientização global foi desenvolvida com base em contribuições relevantes de 14 especialistas líderes de sete países. O relatório POH fornece aos profissionais da saúde bucal e ao público internacional um panorama prático, atualizado e baseado em evidências dos benefícios clínicos dos enxaguantes e cremes dentais antimicrobianos/antissépticos, bem como cuidados orais domiciliares. Todas as abordagens e recomendações estão alinhadas com as diretrizes clínicas mais recentes da Federação Europeia de Periodontologia.
O relatório afirma que o uso de agentes antissépticos é eficaz, seguro e economicamente viável para reduzir a inflamação gengival e o acúmulo de biofilme dental – que são a origem das doenças periodontais. Isso é especialmente verdadeiro quando são utilizados como complemento à remoção mecânica do biofilme, com a escovação caseira com creme dental com flúor duas vezes ao dia e limpeza interdental.
“Os antissépticos orais são eficazes no controle da inflamação gengival e na muito necessária prevenção secundária da periodontite,” explica Paula Matesanz, coautora do relatório POH e vice-presidente da SEPA. “Eles são geralmente seguros, embora em alguns casos possam ocorrer efeitos colaterais, por exemplo, em crianças com menos de 7 anos, gestantes e lactantes, pessoas que consomem álcool ou com dificuldade de deglutição,” alerta a professora.
Os pacientes que mais podem se beneficiar do uso de agentes antissépticos são aqueles com altos níveis de inflamação gengival, mesmo com níveis baixos de biofilme, bem como aqueles com dificuldades de escovação ao redor dos dentes ou implantes devido a apinhamento dental, restaurações que ultrapassam o dente, aparelhos ortodônticos fixos ou fatores anatômicos que retêm biofilme, como concavidades radiculares ou pérolas de esmalte. Fatores sistêmicos, como imunossupressão devido a doenças crônicas, fragilidade, baixa motivação ou limitação de destreza também tornam os antissépticos particularmente recomendáveis.
Como há evidências de que os antissépticos ajudam a reduzir o biofilme e os índices gengivais, eles desempenham um papel importante no tratamento da gengivite. Já que gengivite e periodontite são consideradas parte de um mesmo espectro inflamatório, o tratamento eficaz da gengivite pode ajudar a prevenir o desenvolvimento da periodontite.
Assim, ao nível populacional, os antissépticos poderiam potencialmente reduzir o risco de surgimento da periodontite (prevenção primária). Além disso, há evidências diretas que apoiam a eficácia dos antissépticos na prevenção da recorrência da periodontite em pacientes que recebem cuidados periodontais de suporte (prevenção secundária).
Combatendo a periodontite em todas as fases
No tratamento da periodontite, os antissépticos de uso domiciliar podem ser úteis nas três fases da terapia periodontal:
Fase 1: ajudam a combater a inflamação gengival quando combinados com intervenções de controle do biofilme supragengival, aplicadas pelo paciente ou pelo profissional.
Fase 2: antissépticos auxiliares, como enxaguantes com clorexidina usados por tempo limitado, podem melhorar os resultados clínicos, incluindo reduções adicionais na profundidade de sondagem e no sangramento.
Fase 3: após cirurgia periodontal, os antissépticos servem como complemento à reinstrumentação subgengival, ajudando a superar as limitações do controle mecânico do biofilme quando os pacientes não conseguem escovar adequadamente as áreas operadas. Óleos essenciais e enxaguantes com clorexidina promovem ativamente a cicatrização e melhoram os índices clínicos.
“Os antissépticos orais são seguros para a população em geral e podem trazer benefícios para todos. São especialmente recomendados para pacientes que desejam prevenir a recorrência da periodontite durante o tratamento de suporte, particularmente se apresentarem inflamação gengival associada a altos níveis de biofilme, dificuldades de higienização ou fatores sistêmicos como doenças crônicas, baixa imunidade, fragilidade ou limitações motoras,” explica Iain Chapple, coautor do relatório POH.
“Os enxaguantes bucais oferecem a melhor distribuição do agente antisséptico na cavidade oral, reduzem o biofilme de forma mais eficaz que os cremes dentais e têm um papel em todas as etapas do tratamento periodontal,” acrescenta.
Uma aliança estratégica para enfrentar desafios globais
“Esta aliança estratégica, reunindo um grupo ilustre de especialistas globais para analisar literatura científica, diretrizes e compartilhar suas amplas experiências clínicas e de pesquisa, é de suma importância para enfrentar os desafios atuais no cuidado periodontal. Essa colaboração representa um passo importante para educar e treinar profissionais da saúde bucal com base em evidências científicas, ajudando-os a orientar seus pacientes rumo à saúde periodontal,” afirma Dra. Soha Dattani, diretora científica de Saúde Bucal da Kenvue. Os especialistas envolvidos neste relatório incluem:
Iain Chapple (Reino Unido)
Henrik Dommisch (Alemanha)
Bahar Eren Kuru (Turquia)
Elena Figuero (Espanha)
Ricardo Fischer (Brasil)
Marjolaine Gosset (França)
Filippo Graziani (Itália)
David Herrera (Espanha)
Rhiannon Jones (Reino Unido)
Paula Matesanz (Espanha)
Ana Molina (Espanha)
Panos Papapanou (EUA)
Beatriz de Tapia (Espanha)
Nicola West (Reino Unido)
Esses especialistas reuniram-se em abril de 2024 no Centro SEPA, em Madri, para uma reunião de consenso, onde discutiram os dados disponíveis mais recentes, evidências de apoio, abordagens e conclusões. O resultado foi o relatório Princípios para a Saúde Oral, anunciado pela SEPA no Congresso Mundial da FDI, em setembro de 2024, em Istambul. Esta iniciativa POH também será destaque no evento SEPA Barcelona 2025, em novembro – o principal evento anual organizado pela SEPA nas áreas de periodontia, implantodontia e saúde oral.
Fundação SEPA – saúde bucal para todos
A Fundação SEPA é uma das principais organizações científicas independentes e sem fins lucrativos na área da periodontia e implantodontia internacional. A SEPA promove e divulga pesquisas científicas sobre doenças periodontais e peri-implantares, defende práticas clínicas de qualidade baseadas em evidências e atua na conscientização sobre saúde gengival entre profissionais da odontologia, médicos e o público geral, com foco especial nas interações entre a saúde gengival e a saúde geral. Seu lema é:
“Periodontia e Saúde Bucal para Todos”.
A Fundação SEPA atua com profissionais da saúde bucal e geral por meio de programas de capacitação e iniciativas de informação pública, como o site www.cuidatusencias.es. A fundação incentiva os profissionais da odontologia a atualizarem sua prática clínica de acordo com as mais recentes evidências científicas e soluções tecnológicas, em colaboração com marcas, empresas, entidades científicas e profissionais, universidades, clínicas e outros profissionais da saúde, tudo com o objetivo de alcançar cobertura universal de saúde bucal até 2030.