Uma pesquisa realizada pelo centro de investigação Registry of Senior Australians (ROSA), sediado no South Australian Health and Medical Research Institute (SAHMRI), revelou um cenário preocupante sobre a saúde bucal de idosos em instituições de cuidados residenciais (RAC) na Austrália. O estudo apontou que uma em cada cinco pessoas nessas instituições apresenta problemas bucais significativos, com acesso limitado a serviços odontológicos.
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A análise, que avaliou dados de 360.305 residentes, mostrou que 19,6% dos idosos entraram nas instituições com ao menos um problema de saúde bucal, incluindo doenças gengivais, perda de dentes e cáries. Os resultados foram publicados no Medical Journal of Australia.
De acordo com o levantamento, mais de 7.000 idosos precisaram ser hospitalizados em decorrência de complicações relacionadas à saúde bucal, embora metade desses casos pudesse ter sido evitada com atendimento preventivo adequado.
A principal responsável pela pesquisa, professora Gill Caughey, alertou para a gravidade do problema. “Nossas conclusões destacam que os cuidados de saúde bucal para nossos idosos mais vulneráveis estão muito aquém do esperado. Esses dados representam apenas a ponta do iceberg no que diz respeito às deficiências no atendimento odontológico e ao seu impacto na saúde e bem-estar desses indivíduos”, afirmou Caughey.
A má saúde bucal, segundo a professora, está ligada a diversas comorbidades que podem agravar o estado geral dos pacientes, como doenças cardiovasculares, pneumonia e declínio cognitivo.
Dificuldades
Entre os principais obstáculos para a melhoria do atendimento estão o difícil acesso a serviços, a alta rotatividade de profissionais, a formação limitada em saúde bucal, os elevados custos e a falta de integração entre os setores de cuidados aos idosos e de saúde.
Apesar das recomendações feitas em 2021 pela Comissão Real sobre a Qualidade e Segurança dos Cuidados para Idosos — que incluíam melhorias no acesso a serviços odontológicos e a criação de um Plano de Benefícios Dentários para Idosos —, pouco avanço foi registrado desde então.
“Se realmente desejamos melhorar o bem-estar dos idosos australianos, precisamos implementar mudanças urgentes nas políticas e práticas, priorizando o cuidado com a saúde bucal”, defendeu a professora Caughey.
O estudo foi realizado em parceria com o Grupo de Trabalho de Idosos do Plano de Saúde Oral da Austrália do Sul. Os resultados reforçam a necessidade da criação de um Plano de Benefícios Dentários para Idosos, que assegure o acesso a cuidados de qualidade e contribua para a promoção da saúde integral dessa população.