Uma equipe de cientistas do ADA Forsyth Institute e da Universidade da Carolina do Norte (UNC), em Chapel Hill, conseguiu mapear células-tronco da polpa dentária e do ligamento periodontal com um nível de detalhamento inédito. A análise, publicada no Journal of Dental Research, utilizou transcriptômica unicelular para explorar as características genéticas dessas células e suas trajetórias de diferenciação, revelando diferenças cruciais que podem revolucionar a medicina regenerativa.
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As células-tronco da polpa dentária e do ligamento periodontal possuem a capacidade de se transformar em diversos tipos celulares do corpo humano. No entanto, o estudo revelou que, apesar de compartilharem quatro agrupamentos de genes semelhantes, três desses agrupamentos apresentam diferenças exclusivas.
“Queríamos entender como essas células-tronco se diferenciam e avaliar suas capacidades específicas de transformação”, explicou Dr. Alpdogan Kantarci, líder do estudo no ADA Forsyth Institute. Juntamente com Dr. Di Wu, bioestatístico da UNC, Kantarci conduziu a pesquisa que mostrou que as células-tronco do ligamento periodontal se assemelham mais a fibroblastos, células que formam tecido conjuntivo. Já as células-tronco da polpa dentária demonstraram maior potencial de diferenciação, especialmente para se converter em osteoblastos, células que formam tecido ósseo.
Ao contrário de estudos anteriores, os pesquisadores não cultivaram as células-tronco coletadas de dentes extraídos. Elas foram enviadas diretamente à UNC em estado descongelado para análise transcriptômica unicelular. A equipe também diferenciou essas células em fibroblastos e osteoblastos, utilizando bioinformática avançada para comparar e documentar as trajetórias de diferenciação das duas populações celulares.
Os resultados do sequenciamento de RNA em massa corroboraram os dados obtidos, fornecendo uma visão clara das capacidades únicas de cada tipo de célula-tronco.
Com base nas descobertas, Kantarci afirma que as informações obtidas poderão transformar a abordagem de reparos regenerativos. “Podemos agora selecionar células-tronco com base em suas propriedades específicas para desenvolver terapias direcionadas, tanto para regeneração de tecidos dentários quanto para outras áreas da medicina regenerativa”, destacou.
Esses avanços abrem caminho para novos tratamentos, aproveitando o potencial genético das células-tronco para criar soluções personalizadas e mais eficazes. O estudo representa um marco na compreensão das diferenças entre as células-tronco dentárias e suas aplicações clínicas.
Segundo os pesquisadores, o próximo passo será explorar como essas descobertas podem ser aplicadas diretamente em tratamentos odontológicos e regenerativos, consolidando o papel da biotecnologia no futuro da medicina.