Cientistas desenvolveram um hidrogel reutilizável capaz de liberar saliva artificial de forma contínua, oferecendo uma alternativa promissora para o tratamento da boca seca. A inovação foi descrita em um artigo publicado na revista científica ACS Applied Polymer Materials.
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A boca seca, ou xerostomia, ocorre quando as glândulas salivares não produzem saliva suficiente, podendo causar desconforto, irritação e até erosão dentária. Tratamentos atuais estimulam a produção natural de saliva, mas geralmente oferecem apenas alívio temporário e podem trazer efeitos colaterais. Nesse cenário, a saliva artificial tem se mostrado uma alternativa em pesquisas laboratoriais.
O novo estudo, liderado por Suman Debnath, Georgia Malandraki e Bryan Boudouris, buscou criar um reservatório que pudesse liberar saliva gradualmente dentro da boca. Para isso, os pesquisadores combinaram saliva artificial com poli(hidroxietilmetacrilato), um polímero biocompatível já usado em dispositivos médicos como lentes de contato. O resultado foi um pequeno hidrogel transparente, do tamanho aproximado de uma moeda de 25 centavos de dólar, que pode ser colocado na bochecha ou sob a língua.
Nos testes, o gel absorveu até quatro vezes o seu volume em saliva artificial após seis horas de imersão. Em seguida, liberou todo o líquido armazenado em cerca de quatro horas, em temperatura semelhante à do corpo humano. O processo começou mais rápido e desacelerou ao longo do tempo, demonstrando um controle gradual da liberação.
Além disso, os cientistas verificaram que o mesmo hidrogel pôde ser reutilizado em cinco ciclos consecutivos de armazenamento e liberação, mantendo taxas consistentes. Testes em células humanas também confirmaram a biocompatibilidade do material, sem impacto negativo no crescimento ou na sobrevivência celular.
“Nos próximos estudos, queremos melhorar a durabilidade do gel e ampliar a quantidade de saliva artificial que pode ser liberada por uso. Também planejamos avaliar materiais que o tornem totalmente solúvel”, explicaram Malandraki e Debnath.
Segundo os autores, a expectativa é que a tecnologia possa evoluir para um tratamento acessível e eficaz para milhões de pessoas que convivem com a boca seca.