Um estudo recente publicado no Journal of Dentistry trouxe descobertas inovadoras sobre a peri-implantite (IP), condição inflamatória que afeta tecidos ao redor de implantes dentários. Pesquisadores identificaram uma ligação entre a doença e fibroblastos ativados, além de três genes marcadores específicos que podem transformar o diagnóstico e o tratamento da IP.
- Pesquisa identifica interação bacteriana do mau hálito
- Assine o Dental GO e tenha acesso a mais de 6 mil artigos em Odontologia
Com o aumento no número de implantes dentários realizados anualmente, a peri-implantite tornou-se uma preocupação crescente. Apesar de os tratamentos atuais para a IP seguirem protocolos semelhantes aos utilizados para a periodontite, eles têm demonstrado menor eficácia e maior probabilidade de recorrência.
“A peri-implantite e a periodontite compartilham características clínicas, mas possuem mecanismos biológicos distintos”, afirma o professor Yun Hak Kim, pesquisador principal do estudo.
O estudo revelou que os fibroblastos ativados, células do tecido conjuntivo que proliferam de forma anormal, desempenham um papel central na patogênese da peri-implantite. Além disso, identificou três genes marcadores – ACTA2, FAP e PDGFRβ – que estão significativamente superexpressos em pacientes com IP, mas não em casos de periodontite.
Esses biomarcadores, segundo os pesquisadores, têm potencial para melhorar o diagnóstico diferencial entre as duas condições e possibilitar o desenvolvimento de tratamentos mais específicos. “Essas descobertas podem impulsionar avanços significativos nas estratégias clínicas para o diagnóstico e tratamento da peri-implantite”, observa Kim.
Os pesquisadores coletaram tecidos gengivais de pacientes com peri-implantite e periodontite. O material foi sequenciado para análise do RNA, o que permitiu identificar os três genes diferencialmente expressos na IP. Com base nesses achados, os cientistas concluíram que o diagnóstico baseado em biomarcadores poderia reduzir erros diagnósticos e melhorar o prognóstico dos pacientes.
Atualmente, o tratamento da peri-implantite inclui intervenções mecânicas e antimicrobianas, semelhantes às da periodontite. No entanto, a eficácia dessas abordagens é limitada devido às diferenças biológicas entre as condições. A identificação dos genes específicos abre caminho para terapias personalizadas, direcionadas à fisiopatologia única da peri-implantite.
“Nos próximos 5 a 10 anos, essas descobertas podem ser a base para terapias altamente especializadas, focadas nas características biológicas e imunológicas exclusivas da peri-implantite”, prevê o professor Kim.
Impactos
A pesquisa também sugere que estratégias terapêuticas baseadas em biomarcadores podem aumentar a durabilidade e o sucesso dos implantes dentários, especialmente em pacientes com maior risco de peri-implantite. Além disso, o estudo sobre fibroblastos ativados pode contribuir para avanços no tratamento de outras doenças inflamatórias crônicas que compartilham mecanismos celulares semelhantes.
Com esses avanços, os profissionais de odontologia poderão oferecer soluções mais eficazes e personalizadas para pacientes, melhorando tanto o diagnóstico quanto o manejo clínico da peri-implantite.