As estatinas, medicamentos amplamente prescritos nos Estados Unidos para a redução do colesterol, podem ter um benefício adicional: a melhora da saúde das gengivas e a redução do risco de doenças cardíacas. Essa é a conclusão de um estudo recente supervisionado por S. Pandruvada, professor assistente da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade Médica da Carolina do Sul.
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“Durante nosso estudo, replicamos condições específicas da doença periodontal e demonstramos que a introdução de estatinas em nosso modelo in vitro modifica a resposta dos macrófagos”, afirmou Pandruvada. “Isso nos permitiu explorar como medicamentos como as estatinas podem nos ajudar a tratar doenças inflamatórias, como a doença periodontal”.
Pandruvada apresentará a pesquisa no Discover BMB, o encontro anual da Sociedade Americana de Bioquímica e Biologia Molecular, que ocorrerá de 23 a 26 de março em San Antonio. O estudo foi realizado por Waleed Alkakhan, residente em odontologia em periodontia, e Nico Farrar, estudante de odontologia na Universidade Médica da Carolina do Sul.
De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, quase metade dos adultos com mais de 30 anos sofre de alguma forma de doença periodontal. Os tratamentos atuais para a doença avançada incluem antibióticos, limpezas profundas das superfícies dentárias e radiculares e diversos procedimentos cirúrgicos. No entanto, os pesquisadores estão em busca de estratégias de tratamento menos invasivas para combater as doenças gengivais.
Estudos anteriores já indicaram que pessoas que tomam estatinas apresentam menos sinais de periodontite do que aquelas que não utilizam esses medicamentos. Contudo, o novo estudo é pioneiro ao traçar as vias bioquímicas através das quais as estatinas parecem reduzir a inflamação periodontal.
“A literatura periodontal recente mostrou os efeitos benéficos das estatinas quando usadas com a terapia periodontal tradicional”, explicou Pandruvada. “Nosso estudo, porém, destaca uma nova abordagem, onde as estatinas afetam especificamente os macrófagos, o que, por meio deste mecanismo, pode ajudar a tratar a doença periodontal”.
Os macrófagos têm um papel crucial no combate às infecções no corpo, mas podem também agravar a inflamação dependendo de sua atuação nas diferentes fases da resposta imunológica. No estudo, os pesquisadores cultivaram macrófagos e células gengivais juntos e os expuseram a várias condições. Eles descobriram que a exposição à sinvastatina, uma estatina comum, suprimiu a resposta inflamatória dos macrófagos.
Próximos passos
Como próximo passo, os pesquisadores planejam estudar os impactos das estatinas na doença periodontal em modelos animais, visando determinar se essa estratégia pode ser uma abordagem segura e eficaz para futuras terapias periodontais. As novas descobertas se baseiam em resultados iniciais do grupo, já publicados na revista Cells.