Um avanço promissor na área da saúde está em destaque, com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelando o desenvolvimento de um chip bioeletrônico capaz de detectar simultaneamente as vitaminas C e D em fluidos corporais. Esta inovação, flexível e de fácil utilização, pode ser adaptada para se tornar um dispositivo vestível, abrindo portas para uma era de nutrição personalizada. A informação é do Jornal da USP.
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Os detalhes desse trabalho foram publicados na prestigiada revista ACS Applied Nano Materials, com direito a um destaque na capa. As vitaminas C e D desempenham papéis cruciais no suporte ao sistema imunológico, participando de vias metabólicas envolvidas na defesa contra vírus e bactérias. Monitorar seus níveis no organismo é fundamental para garantir que estejam presentes em valores considerados saudáveis.
Até o momento, os métodos disponíveis para essa detecção exigiam equipamentos de laboratório caros, operados por profissionais especializados, e envolviam a coleta de sangue, gerando resíduos potencialmente nocivos. Além disso, detectar e analisar essas duas vitaminas simultaneamente, usando o mesmo volume de amostra, era um desafio.
Para superar essas barreiras, os pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, com apoio da Fapesp, adotaram uma abordagem acessível e de baixo custo. Eles desenvolveram um chip eletroquímico que permite o automonitoramento desses micronutrientes.
O dispositivo, descartável, incorpora dois sensores distintos, cada um projetado para detectar uma das substâncias. Um sensor, feito de nitreto de carbono grafítico e nanopartículas de ouro, é responsável pela detecção da vitamina D, enquanto o outro, feito de nanopartículas de carbono, atua como sensor eletrocatalítico para a vitamina C.
Operação simples
A operação do chip é simples: conectado a um dispositivo eletrônico portátil semelhante a um medidor de glicose, uma amostra de saliva ou soro sanguíneo é inserida, e os sinais de corrente elétrica indicam a presença e os níveis das vitaminas. O resultado é obtido em menos de 20 minutos.
Thiago Serafim Martins, pesquisador atualmente no Imperial College London (Inglaterra) e primeiro autor do estudo, explica: “Ao imobilizarmos espécies eletroquimicamente ativas na superfície de um dos sensores, conseguimos eliminar a necessidade de ‘labels’ e sondas redox, simplificando o dispositivo e reduzindo a complexidade da análise.”
Os cientistas enfrentaram desafios técnicos, incluindo a garantia de que não houvesse interferência entre as vitaminas, o que foi superado configurando os sensores para operarem em diferentes potenciais elétricos.
O estudo, financiado também pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), não apenas promete uma revolução na detecção de vitaminas, mas também abre caminho para a expansão do dispositivo para detectar outros biomarcadores, inclusive aqueles relacionados a vários tipos de câncer. A validação adicional do sensor é necessária antes que ele possa ser patenteado e disponibilizado no mercado.