Um estudo internacional conduzido pela Universidade da Finlândia Oriental revelou que, apesar do crescente interesse na utilização da tecnologia de realidade virtual com feedback tátil — conhecida como VR-háptica — no ensino odontológico, diversos desafios ainda impedem sua adoção em larga escala pelas instituições de ensino.
- Brasil tem maior produção de artigos em Endodontia do mundo
- Conheça os cursos disponíveis na Dental Press
A pesquisa, publicada na revista Frontiers in Dental Medicine, ouviu 387 educadores de 156 instituições ao redor do mundo e destacou tanto o potencial quanto os obstáculos dessa inovação no contexto acadêmico. A VR-háptica combina ambientes virtuais com resposta sensorial de força, simulando a sensação do toque durante procedimentos clínicos. A tecnologia tem sido considerada uma promissora aliada na formação pré-clínica de dentistas, ao complementar os métodos tradicionais de treinamento manual.
No entanto, o levantamento mostra que mais de um terço dos entrevistados (35%) apontou limitações técnicas nos dispositivos atualmente disponíveis. Entre os principais problemas estão a baixa precisão tátil e a quantidade reduzida de procedimentos simuláveis, o que pode comprometer a transposição das habilidades aprendidas para o atendimento real aos pacientes.
Outro fator relevante citado por 28% dos participantes foi o custo elevado dos equipamentos, o que torna a aquisição inviável para muitas instituições. Isso acaba restringindo o acesso dos estudantes à tecnologia, criando desigualdades na formação.
A resistência à mudança dentro das instituições também foi mencionada como um entrave. Cerca de 24% dos educadores relataram baixa aceitação da VR-háptica por parte de docentes e alunos, em grande parte devido ao rompimento com os métodos convencionais de ensino. Além disso, 13% dos entrevistados apontaram que o tempo necessário para adaptar currículos e capacitar professores é uma barreira crítica para a implementação da nova ferramenta.
Diante desse cenário, os autores do estudo sugerem o desenvolvimento de hardware e software mais avançados e acessíveis, além de programas de formação específicos para o corpo docente. Eles reforçam que o sucesso da VR-háptica na educação odontológica depende da colaboração entre diferentes áreas da odontologia — como dentística restauradora, prótese dentária e endodontia — para criar simulações realistas e voltadas às necessidades de cada especialidade.
Mais esforços
O estudo indica que, embora promissora, a adoção da realidade virtual com feedback tátil no ensino da odontologia ainda requer esforços coordenados para superar as limitações técnicas, financeiras e institucionais. A expectativa dos pesquisadores é que, com investimentos e planejamento, a VR-háptica possa se consolidar como uma ferramenta transformadora na formação de novos profissionais da área.