Um estudo liderado pela Universidade de Portsmouth, em colaboração com o King’s College London e a Queen Mary University of London, revelou insights críticos que podem melhorar as práticas de assistência social para pessoas com demência. As descobertas foram publicadas no International Journal of Geriatric Psychiatry, com um segundo artigo previsto para ser lançado ainda este ano.
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A pesquisa analisou a Lei de Cuidados voltada para pessoas com demência que vivem em casa e recebem apoio familiar ou serviços de cuidados pagos. O estudo constatou que a higiene oral frequentemente não está contemplada nos planos de cuidados, resultando em sua negligência ou falta de registro adequado.
O Dr. Dia Soilemezi, do Departamento de Psicologia da Universidade de Portsmouth e líder do projeto, enfatizou a importância dos cuidados bucais para indivíduos com demência: “Um bom cuidado da boca e dos dentes é crucial para pessoas que vivem com demência em suas próprias casas, pois elas estão mais suscetíveis a problemas dentários e podem ter dificuldade em comunicar dor ou desconforto. A má saúde oral não afeta apenas a saúde física, mas também a autoestima, a dignidade, a nutrição e a qualidade de vida, devendo ser tratada com seriedade”.
Entrevistas realizadas com cuidadores, prestadores de cuidados domiciliares e gestores de cuidados domiciliares destacaram os desafios na prestação de cuidados orais. Esses desafios incluem a diminuição da compreensão, problemas de memória e incapacidade física das pessoas com demência, além de dificuldades enfrentadas por muitas agências de cuidados domiciliares, como alta rotatividade de pessoal, tempo limitado, falta de formação, incompreensão de funções e má comunicação.
Apesar desses obstáculos, todos os participantes reconheceram a importância da higiene oral na saúde e bem-estar das pessoas com demência e ofereceram diversas sugestões para dar mais atenção a esses cuidados. Com base nessas informações, a equipe de pesquisa co-desenvolveu listas de verificação gratuitas para promover os cuidados orais e dentários. Essas listas foram desenvolvidas com a participação de pessoas que utilizam serviços de cuidados domiciliares, prestadores de cuidados domiciliares e especialistas em demência e cuidados dentários.
“Os profissionais podem usar esses recursos como lembretes para implementar avaliações de higiene oral e seguir as recomendações para as práticas de cuidados”, explicou o Dr. Soilemezi. “Diferentemente dos lares de idosos, poucas pessoas que trabalham em cuidados domiciliares recebem apoio e formação sobre cuidados orais e dentários, apesar da sua importância para pessoas com demência. Esperamos que o material que produzimos ajude a preencher essa lacuna de formação.”
Valerie Hill, ex-cuidadora familiar envolvida no estudo, compartilhou sua experiência: “Fiquei muito satisfeita por participar desta pesquisa, pois quando cuidava da minha mãe que sofria de demência, percebi que algumas pessoas não sabiam como ajudá-la a manter os dentes limpos ou não compreendiam que ela não conseguia escová-los corretamente. Fiquei preocupada porque esse aspecto era frequentemente negligenciado quando as necessidades dela eram avaliadas, e poucos profissionais de cuidados domiciliares tinham formação ou informação sobre o assunto. Espero que, com esses novos recursos, os cuidadores se sintam mais confiantes de que seus familiares receberão os cuidados necessários nesta área.”
Outros membros da equipe de pesquisa incluem a Dra. Kristina Wanyonyi, do Instituto de Estudos de Melhoria da Saúde da Universidade de Cambridge (antiga Queen Mary University), e a Professora Jill Manthorpe, do King’s College London.