Por: Alberto Consolaro
Quando a polpa dentária morre, deixa um espaço vazio que deverá ser preenchido ou obturado por um material que não agrida os tecidos, pois o canal se comunica com o corpo por um orifício no final da raiz, chamado de forame apical.
Os restos mortais da polpa devem ser removidos e o canal preparado, ou regularizado, para receber esta obturação. Muitas vezes a polpa morre por ter sido atacada e invadida por bactéria que contaminam o dente por dentro nos túbulos dentinários. Estas bactérias invadem a polpa via cárie ou por fratura acidental.
MAIS FRACO?
Considerando o rigor técnico e a evolução da ciência, preparar o dente para se ter acesso ao canal se faz por uma abertura na coroa, perfurando o esmalte. Depois do tratamento endodôntico, a coroa é restaurada e tudo fica como era antes O dente ficará mais fraco estruturalmente pela cárie ou fratura, o que destruiu boa parte do dente, e não por causa do tratamento endodôntico.
A polpa necrosada pode levar bactérias para o ápice e induzir formação de lesões inflamatórias e císticas. O tratamento endodôntico nestes casos serve também para tratá-las, com uma alta taxa de sucesso. Se não curar ou se a lesão tiver outras evoluções e consequências, não foi pelo tratamento endodôntico realizado e sim pela cárie que necrosou o dente, que esparramou bactérias para o osso ao redor do ápice do dente.
O grau de eficiência e eficácia do tratamento endodôntico feito por especialistas bem treinados é mais elevado ainda quando este profissional conhece profundamente a biologia do dente, polpa e periápice, e não se comporta como um mero técnico.
TRAUMATISMO DENTÁRIO?
Quando há lesões pulpares e periapicais por traumatismo dentário, o tratamento endodôntico, sempre que possível, deve ser feito antes que as bactérias invadam a polpa exposta direta ou indiretamente, ou invadam os tecidos ao redor do dente chamados de tecidos periodontais.
Isto vai determinar uma maior probabilidade de sucesso no reparo deste traumatismo. O tratamento de canal nos traumatismos dentários moderados e graves é determinante para o seu sucesso clínico. Nos casos leves, deve-se avaliar criteriosamente a cada 3 meses por 1 ano. Se houver mobilidade, escurecimento ou dor, o tratamento de canal deve ser providenciado e por mãos habilidosas de um endodontista.
COROA COM PINO
As vezes sobrou apenas a raiz por causa da cárie ou traumatismo. Nestes casos, o canal pode ser feito, mas a possibilidade de sucesso diminui muito. Mas não por causa do tratamento do canal, mas pelo grau avançado da doença que se deixou chegar. A chance de sucesso diminui também pelo longo tempo e pela abundância que as bactérias invadiram as estruturas.
E mais nestes casos, como a coroa foi destruída, depois do tratamento de canal, se usa restaurar com uma coroa protética, fixando-a dentro da raiz com um pino, sobre o qual se colocará toda carga mastigatória. A chance deste pino assim sobrecarregado, promover fratura radicular é elevadíssima, mas não pelo tratamento de canal, mas pelo pino da coroa ali fixado, diminuindo a sobrevida do dente. Mas repito, não pelo tratamento de canal, mas pela cárie que destruiu a coroa ou traumatismo dentário, pela contaminação bacteriana e pelo pino colocado.
REFLEXÃO FINAL
Faz mal, tratar o canal? Não tem como isto acontecer, pois se está higienizando o local, tirando bilhões de bactérias do dente contaminado. Estas podem entram na corrente sanguínea e até pode levar a sepse se o paciente for portador uma doença debilitante, mas não pelo tratamento endodôntico.
Durante o tratando de canal, o especialista bem treinado, pode administrar antibióticos, usar antissépticos poderosos e fazer manobras para tirar as bactérias, sem sepse. Dizer que fazer o canal faz mal e não deve ser feito, representa um desserviço à saúde das pessoas do ponto de vista biológico, estético e funcional. É ignorância ou má fé!