–– Breve Currículo ––
» Doutor em Odontologia – Medalha de Ouro UNLP.
» Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial.
» Especialista Universitário em Implantologia Oral – USC.
» Especialista Universitário em Cirurgia Ortognática – UEMC.
» Presidente da Associação Latino-Americana de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (ALACIBU).
» Chefe do Serviço de Cirurgia Bucomaxilofacial do Hospital Interzonal de San Juan de Dios, em La Plata.
» Professor da Cátedra de Cirurgia B (Bucomaxilofacial) – Faculdade de Odontologia – UNLP.
» Professor da Cátedra de Cirurgia Bucomaxilofacial II – Faculdade de Odontologia – UCALP.
» Professor Titular da Cátedra de Cirurgia Ortognática – Faculdade de Odontologia – UNLP.
» Diretor do G.IN.I (Grupo de Pesquisa em Implantologia).
» Ex-Presidente da Sociedade Argentina de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (SACyTBMF – AOA).
» Membro do IAOMS, ALACIBU, SLACATM, ICOI, IOCIM, SIAOyCBMF, SECOM, SECIB, SACyTBMF, SOLP, AOA.
Como você vê a integração dos países da América Latina para o crescimento da especialidade bucomaxilofacial?
Embora em diferentes países da América Latina a cirurgia e traumatologia Bucomaxilofacial tenha diferentes nomes, como cirurgia bucomaxilofacial, cirurgia oral e maxilofacial, cirurgia bucal e maxilofacial, cirurgia bucomaxilofacial, cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial ou cirurgia e traumatologia oral maxilofacial, temos conseguido que todas as sociedades ou associações de países membros ALACIBU definam como a especialidade da odontologia que lida com o diagnóstico, o tratamento (médico e cirúrgico) e prevenção da doença, trauma, e malformações (congênita ou adquirida), tanto no seu aspecto funcional como estético, dos teci- dos moles e duros da região bucal e maxilofacial, bem como dos órgãos que integram sua função. Esse foi o primeiro grande passo.
Por outro lado, começamos a trabalhar em vários projetos locais e regionais, de forma conjunta e coordenada, com todos os países membros da Associação Latino-Americana de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (ALACIBU). Mesmo no caso particular do Brasil, que durante anos foi representado apenas pela SOBRACIBU, desde esse ano, e graças à gestão do Dr. José Rodrigues Laureano Filho e do seu Conselho de Administração, o Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial se uniu a este importante grupo de trabalho. Esse fato marca um antes e um de- pois na história da ALACIBU, uma vez que com a inclusão do Colégio, pela primeira vez conseguimos que todas as sociedades especializadas da América Latina aderissem à Associação.
É por isso que me atrevo a dizer que a ALACIBU está conseguindo uma integração real de todos os especialistas da região, bem como das Entidades que os representam em cada país.Essa tarefa conjunta, organizada e coordenada a partir da ALACIBU potencializa as ações realizadas em cada país, visando uma melhor formação de especialistas e, portanto, o crescimento da especialidade em termos de quantidade e qualidade dos recursos humanos capacitados. Essa formação de jovens profissionais é alimentada não só pelo conhecimento que recebem em suas casas ou universidades onde eles vão, mas também pelo conhecimento incorporado em cada um dos muitos eventos científicos (congressos, conferências e simpósios) que realiza a ALACIBU e cada sociedade dos países membros da ALACIBU.
No próximo ano, por exemplo, dois dos mais importantes eventos da especialidade serão realizados na América Latina. De 21 a 24 de maio, no Rio de Janeiro (Brasil), será realizado o 24o ICOMS 2019, o congresso mundial da especialidade que reunirá os profissionais de destaque de todo o mundo. E de 1 a 3 de dezembro, em Cancun (México), será realizada a XXI CIALACIBU 2019, o congresso latino-americano da especialidade, que também tem um programa científico e social de excelência.
O senhor tem trabalhado com destaque em reconstruções de rebordos alveolares. Como conduz o tratamento dos rebordos alveolares atróficos?
Qual é o ponto chave para o sucesso do tratamento? A chave para o sucesso do tratamento das cristas alveolares atróficas está centrada no fato de que tudo deve ser considerado em termos da reabilitação protética assistida por implante e seguindo os protocolos e normas pré-estabelecidas.
A reconstrução dos rebordos alveolares com finalidade implantológica é condicionada por vários fatores. Um dos principais é o tipo de reabilitação (prótese) que faremos ao paciente, que por sua vez dependerá de suas exigências estéticas e funcionais.
Dependendo da prótese que planejamos colocar, determinaremos as características e posição dos implantes a serem colocados. Uma vez que isso seja determinado, de- vemos analisar outro fator importante, como o tipo e o volume do defeito que devemos reconstruir e a área do arco onde ele está localizado.
Sempre considerando como padrão ouro a prótese fixa nos implantes, dividiremos as opções terapêuticas para a mandíbula e maxila, dependendo do defeito a ser regenerado, seja da região anterior ou posterior, seja se houver falta de largura, de altura ou de tecido em ambas as dimensões.
Dado que sua pergunta é direcionada para a reconstrução das cristas alveolares, excluiremos dessa análise as opções de maxilas ressecadas por diferentes patologias e que requerem reconstrução com enxertos não apenas da crista, mas também da base óssea.
É importante notar que não há processo concebível para a reconstrução das cristas alveolares sem o uso de membranas. As membranas de colágeno, reabsorvíveis ou não absorvíveis, são de uso indispensável. Do mesmo modo, em todos os nossos pacientes, hoje uso o protocolo publicado por Joseph Choukroun, com a utilização de membranas de fibrina ricas em plaquetas (APRF + IPRF) associada com Enxertos ósseos.
Quando na maxila (região anterior ou posterior), com um defeito transversal (largura vestibulopalatina insuficiente), mas com altura suficientemente eleva- da para acomodar um implante de 11,5 ou 13 mm de comprimento, pode haver duas opções de tratamento: com um osso inicial de 4 a 5 mm de largura, podemos executar uma técnica de expansão óssea (Split crest). Iniciamos a demarcação da osteotomia da crista usando os insertos (serras) do bisturi piezoelétrico, com brocas tipo Zekryas ou cinzéis. Em seguida, podemos expandir o osso com o uso de expansores digitais roscados ou por impulsão, osteotomos ou cinzéis, para, uma vez conseguida a expansão, colocar os implantes e realizar uma regeneração óssea circundante mediante o emprego de enxerto particulado e membranas que os recubram.
No entanto, se a largura óssea for inferior a 4 mm, deve se realizar um enxerto ósseo em bloco – tipo veneer, de aposição vestibular – usualmente retirado do mento e suplementado por enxerto particulado e membrana. Então, em um segundo tempo cirúrgico, vamos colocar implantes nas posições ideais de acordo com o planejamento protético.
Por outro lado, se temos largura óssea suficiente, mas não temos a altura para colocar os implantes de 11,5 ou 13mm de comprimento, podemos optar por uma técnica de distração alveolar, técnica sanduíche (com interposição de tecido ósseo) ou enxerto autólogo em bloco (enxerto onlay), esta última opção com pior prognóstico que as alternativas anteriores.
Quando a área a ser reconstruída requer um aumento na largura e na altura simultaneamente, usamos enxertos autólogos em bloco. Estes podem ser de áreas doadoras intrabucais (mento) para defeitos de volume menores, ou para defeitos de volume maiores de locais doadores extrabucais (geralmente enxerto de crista ilíaca). Ambos os casos estão associados a enxertos heterólogos ou sintéticos em partículas com granulometria variando de 250 a 1000 mícrons e ao emprego, como já mencionado, de membranas de fibrina ricas em fatores de crescimento.
No setor posterior da maxila, além de todas essas opções, existe a possibilidade de realizar uma técnica de elevação do assoalho do seio maxilar, se a causa da falta de altura óssea for a pneumatização excessiva do seio maxilar.
É importante ressaltar que essa técnica de elevação do assoalho é um procedimento que proporciona aumento na disponibilidade óssea em altura, mas se o paciente simultaneamente apresentar uma reabsorção da crista alveolar em largura ou altura, esse defeito deve ser reconstruído conjuntamente com elevação do assoalho do seio maxilar. Geralmente, realizamos essa reconstrução volumétrica simultânea a elevação do assoalho do seio maxilar com enxerto em bloco de osso do mento ou da linha oblíqua externa. Caso contrário, se não é realizada a reconstrução e somente a elevação do seio maxilar, para a obtenção de ancoragem óptima do im- plante, o implante será colocado muito apical em relação à posição ideal e o paciente acabará usando coroas excessivamente longas (para compensar o defeito vertical), afastando-se do ideal de reabilitação desejada.
Da mesma forma na mandíbula, tanto na região anterior, como na posterior, pode-se realizar, frente a defeitos transversais (largura insuficiente), a técnica de split crest (com um rebordo alveolar residual de 4 a 5 mm de largura) ou enxerto de aposição vestibular (para rebordos com largura inferior a 4mm). Em defeitos em altura (mas com largura suficiente), podemos escolher uma técnica de distração alveolar, uma técnica de sanduíche ou enxerto autógeno em bloco. É importante salientar que em alguns casos, na região posterior da mandíbula, quando existe um de- feito no altura do osso, há a opção de lateralização (ou transposição) do nervo alveolar inferior, para proporcionar implantes de ancoragem apicais colocados simultaneamente à reconstrução vertical da crista alveolar.