Em estudo publicado em outubro de 2022 no JACC: Clinical Electrophysiology, a equipe encontrou uma correlação entre a periodontite e fibrose – cicatrização de um apêndice do átrio esquerdo do coração que pode levar a um batimento cardíaco irregular chamado fibrilação atrial – em uma amostra de 76 pacientes com doença cardíaca.
“Periodontite é relacionada a uma inflamação persistente, e inflamações tem um papel crucial na progressão da fibrose atrial e na patogênese da fibrilação atrial”, disse o primeiro autor, Shunsuke Miyauchi, professor assistente na Hiroshima University’s Health Service Center. “Nós levantamos a hipótese de que a periodontite estimula a fibrilação atrial. Este estudo teve o objetivo de clarificar a relação entre o estado clínico da periodontite e o grau de fibrilação atrial”.
Os apêndices atriais esquerdos foram removidos cirurgicamente dos pacientes, e os pesquisadores analisaram o tecido para estabelecer a correlação entre a gravidade da fibrose atrial e a gravidade da doença gengival. Eles descobriram que quanto pior a periodontite, pior a fibrose, sugerindo que a inflamação das gengivas pode intensificar a inflamação e a doença cardíaca.
“Este estudo proveu evidências de que a periodontite pode agravar casos de fibrose atrial, e pode também ser um fator de risco para a doença”, afirmou Yukiko Nakano, professora de medicina cardiovascular na Hiroshima University’s Graduate School of Biomedical and Health Sciences.
De acordo com Nakano, além dos cuidados com outros possíveis fatores de risco, como peso, sedentarismo, fumo e consumo de bebidas alcoólicas, o cuidado com a saúde bucal pode colaborar na manutenção de casos de fibrilação arterial.
Contudo, a professora alertou que o estudo não estabeleceu uma relação causal, o que significa que, embora os graus de gravidade da doença gengival e da fibrose atrial pareçam conectados, os pesquisadores não concluíram que uma leva definitivamente a outra.
“Mais evidências são necessárias para estabelecermos uma relação causal entre as doenças periodontais e a fibrose, e se cuidados com a saúde bucal podem influenciar a fibrose”, continua Nakano.
“Um de nossos objetivos é confirmar que a periodontite é um fator de risco modificável para fibrilação atrial, e promover a participação de especialistas odontológicos no tratamento da fibrilação atrial. A periodontite é um alvo mais facilmente tratável, entre os fatores de risco conhecidos para fibrilação atrial. Assim, a realização destes estudos pode trazer benefícios para muitas pessoas em todo o mundo”, conclui a professora.