
A adequada sinalização é de fundamental importância para o sucesso do tratamento ortodôntico, especialmente em casos de extrações assimétricas, nos quais se torna ainda mais crítica. A oclusão instável observada ao final do tratamento exige do profissional estratégias e adaptações para a obtenção de uma oclusão equilibrada e esteticamente satisfatória.
Métodos: foi descrito o caso clínico de uma paciente Classe II, 2ª divisão, subdivisão direita, que buscou tratamento ortodôntico por insatisfação da estética do sorriso. A intercuspidação nas relações de disto-oclusão e mesio-oclusão, a interface estética e oclusão, além das limitações e adaptações necessárias na finalização de casos de extração assimétrica também foram abordados neste artigo.
Resultados: após a realização do tratamento ortodôntico indicado para o caso, houve melhora significativa na estética do sorriso da paciente e na função mastigatória.
Conclusões: a estabilização da oclusão é viável em casos de extração as-simétrica. Para tal, faz-se necessária a incorporação de pequenas estratégias que visam a correção da instabilidade oclusal, no intuito de se estabelecer condições mais estáveis e fisiológicas da oclusão dentária.
> Inscreva-se na aula do professor Roberto Brandão
INTRODUÇÃO:
A simetria é um fator preponderante na percepção estética dos indivíduos. As faces consideradas harmoniosas não apresentam simetria absoluta, mas sim o equilíbrio entre as duas metades. Diferenças suaves entre os lados direito e esquerdo são consideradas normais e esperadas. A simetria é componente essencial na composição de um sorriso agradável. As assimetrias das relações de molar e de linhas médias podem afetar negativamente tanto a estética do sorriso quanto a função da oclusão.
O crescente número de pacientes adultos nos consultórios de Ortodontia demonstra que o desejo por um sorriso atraente não atinge apenas os mais jovens. Contudo, a ausência de crescimento, o envolvimento periodontal e o alto número de mutilações dentárias podem acarretar em um planejamento e um tratamento mais laboriosos. A colaboração e a duração do tratamento também são fatores importantes em se tratando de pacientes ortodônticos adultos, que devem ser analisados com cautela pelo ortodontista. Portanto, as opções de abordagem de-vem ser claras e aprovadas pelo paciente. Quando exodontias estão incluídas no plano de tratamento, essas devem ser otimizadas, para encurtar o tempo de tratamento, tornar a biomecânica mais simples e considerando efeitos indesejáveis, como o comprometimento estético imediato do sorriso — pelo espaço edêntulo — e, principalmente, a retração dos lábios, em função da retração dos dentes anteriores.
O tratamento ortodôntico de desvios de linha média requer o uso de mecânicas assimétricas, na maioria das vezes, o que pode aumentar o grau de complexidade e o tempo de tratamento. Nas relações de molar assimétricas, a distalização unilateral pode ser um desafio. Existem inúmeros aparelhos extra e intrabucais para esse fim; porém, todos apresentam limitações. Os aparelhos extrabucais, apesar de eficientes, dificilmente são aceitos por pacientes adultos. Os dispositivos intrabucais provocam como efeitos colaterais diretos e indiretos a mesialização do bloco anterior de ancoragem, a inclinação de pré-molares e a protrusão dos incisivos superiores. Os dispositivos de ancoragem temporária permitem a otimização da mecânica ortodôntica sem a colaboração do paciente; porém, nem sempre são aceitos pelos pacientes e estão sujeitos a falhas na fixação ao osso.
A opção pelas extrações unilaterais talvez seja o protocolo mais comumente aceito e realizado para a solução de assimetrias dentárias ou camuflagem de assimetrias esqueléticas suaves. Os principais questionamentos recaem sobre a estabilidade pós-tratamento e o impacto das extrações sobre a estética facial. A oclusão pós-tratamento pode ser instável e, por essa razão, a finalização deve ser cuidadosamente conduzida, em busca de uma oclusão com contatos bilaterais simultâneos em harmonia com a desoclusão imediata dos dentes posteriores pelos anteriores, nos movimentos excursivos mandibulares. As limitações e adaptações necessárias na finalização de casos de extração assimétrica serão abordadas no presente artigo.
– O artigo completo foi publicado originalmente na Revista Clínica de Ortodontia v16n2, de 2017 –