Pesquisadores do NYU College of Dentistry desenvolveram um sistema para a medição do nível de citocinas na saliva, que por sua vez é relacionada à severidade da inflamação gengival, segundo estudo publicado no journal PLOS ONE.
Enquanto mais pesquisas são necessárias para testar a pontuação das citocinas, ela pode ser promissora para medir o quão bem um paciente responde ao tratamento para doenças gengivais, prever a recorrência de doenças gengivais ou detectar inflamações contínuas relacionadas a doenças sistêmicas.
“A inflamação periodontal não é aparente somente no exame, mas refletida também na saliva do paciente”, disse Angela Kamer, DMD, MS, Ph.D., professora associada do Ashman Department of Periodontology & Implant Dentistry na NYU, e autora senior do estudo.
A doença periodontal é uma inflamação crônica que afeta aproximadamente metade dos adultos nos EUA. Caracterizado pelas gengivas inflamadas, que podem sangrar ou desprender dos dentes, a doença periodontal é resultado de uma complexa interação entre um desequilíbrio nas bactérias bucais, e a resposta imune do corpo.
Essa resposta produz altos níveis de citocina – proteínas que sinalizam o sistema imunológico- nas gengivas inflamadas, principalmente as citocinas pró-inflamatórias, como as IL-8, IL-1β, IL-6 e TNFα.
A periodontite também está relacionada a condições sistêmicas como doenças cardiovasculares, diabetes e Alzheimer. Os cientistas acreditam que a inflamação das gengivas contribui para essas condições de maneiras indiretas (como a citocina aumentando as inflamações sistêmicas) ou diretas (a citocina se movendo para um órgão específico, como o coração ou o cérebro), porém a localização das citocinas na gengiva dificulta os estudos.
Felizmente, citocinas também são encontradas na saliva, bem mais fácil de se coletar. No estudo publicado, os pesquisadores queriam saber se a inflamação da gengiva detectada clinicamente poderia prever o nível de citocinas encontradas na saliva.
“As citocinas salivares são uma janela para a composição molecular do ambiente oral”, afirma Vera Tang, DDS, MS, professora do Ashman Department of Periodontology & Implant Dentistry na NYU Dentistry, e autora principal do estudo.
Os pesquisadores avaliaram as gengivas e saliva de 67 adultos, de 45 anos ou mais, que apresentavam algum grau de periodontite, mas tinham o restante da saúde normal. Para medir sua inflamação periodontal clínica, os pesquisadores usaram uma fórmula chamada Área de Superfície Inflamada Periodontal (PISA), que é calculada usando medições da profundidade de bolsas nas gengivas e sangramento durante a sondagem. O PISA fornece uma medida única da inflamação periodontal; uma pontuação mais alta no PISA indica pior inflamação.
Os participantes também foram solicitados a cuspir em tubos estéreis para capturar amostras de saliva, que foram então analisadas para medir uma gama de citocinas pró e anti-inflamatórias: IL-1β, IL-6, IL-8, IL-13, TNF- α e IL-10. Liderados por Malvin Janal, Ph.D., os pesquisadores usaram duas maneiras diferentes (o Índice de Componentes de Citocinas e o Índice Inflamatório Composto) para combinar essas citocinas em uma única pontuação.
Os pesquisadores concluíram que a pontuação do PISA estavam significativamente associada com a nova medição dos níveis de citocina, independente de outros fatores como idade, gênero, histórico de tabagismo e índice de massa corporal. Quanto mais alto o nível de citocinas, maior a inflamação periodontal.
“Isso demonstra que uma única pontuação abrangendo várias citocinas salivares se correlaciona com a gravidade da inflamação periodontal”, disse Leena Palomo, coautora do estudo.
Os pesquisadores alertam que mais pesquisas serão necessárias para validar a métrica de citocinas em pacientes com diferentes condições de saúde, bem como naqueles com outros níveis de doença periodontal, incluindo gengivas saudáveis e doença gengival em estágio inicial.
No entanto, se a medição de citocinas for validada em grupos de pacientes maiores e mais diversos, ela poderá ser usada para entender melhor a progressão e a recorrência da doença periodontal, bem como a possível conexão com outras condições sistêmicas.