Pesquisadores da Universidade de Queen Mary de Londres desenvolveram o primeiro teste de PCR para identificar câncer bucal do mundo. A precisão do teste foi demonstrada em pacientes da China, Índia e Reino Unido e os resultados estão sendo publicados em diversos periódicos internacionais.
A detecção precoce da doença é fundamental para sobreviver a essa patologia e a ferramenta vai de encontro ao esforço de profissionais da saúde para o rápido diagnóstico da doença. Nomeado como “Sistema de Diagnóstico de Índice Maligno Quantitativo” (qMIDS) pelo pesquisador Dr. Muy-Teck Teh, a ferramenta tem o potencial de aliviar a pressão sobre o SNS e pode melhorar o diagnóstico precoce desse tipo de câncer.
Como funciona
- O teste é rápido e fácil.
- Só precisa da máquina PCR utilizada nos testes Covid e de um técnico para a operar.
- Uma amostra minúscula (do tamanho de meio grão de arroz) é retirada da área suspeita na boca do paciente e o teste demora apenas 90 minutos – semelhante a um teste Covid PCR.
Até agora não houve uma maneira perfeita de identificar as lesões suscetíveis de se desenvolverem em câncer. Existe um sistema de classificação que os patologistas bucais utilizam para avaliar as amostras de tecido através de um microscópio. No entanto, este sistema de classificação nem sempre prevê ou captura com precisão as lesões que se tornarão cancerígenas.
Isto porque as primeiras alterações – desde o pré-maligno ao cancerígeno – acontecem a um nível genético e químico, que não pode ser captado por um microscópio. As pré-malignas desocorrem geralmente num único local, mas também podem afetar toda a boca. Isto pode dificultar a decisão de um clínico de por onde recolher amostras.
Nestes casos, o médico pode precisar de fazer várias biópsias. Mesmo assim, podem não capturar a área que se tornará cancerígena. Sem saber, definitivamente, se uma lesão é cancerígena, os pacientes devem ser revistos regularmente durante um longo período de tempo, mesmo que estejam em baixo risco, criando ansiedade e perturbação para o paciente.
Por outro lado, se um caso “leve” se desenvolve em câncer, o paciente pode já ter tido alta hospitalar, por isso muitas vezes atrasam a procura de tratamento porque acham que não têm a doença. Como resultado deste atraso, o tratamento é mais agressivo, dispendioso e menos propenso a ter sucesso.
É aqui que o QMIDS intervém. A precisão de diagnóstico do teste significaria que 90% dos doentes de baixo risco poderiam ter alta do hospital para voltar ao seu médico. Casos de alto risco também poderiam ser detetados no período pré-cancerígeno e tratados definitivamente, salvando assim a vida do paciente com uma cirurgia menor, melhores taxas de cura e qualidade de vida, bem como uma enorme redução dos custos do serviço de saúde.