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A boca na saúde e nas doenças graves! Por Alberto Consolaro

O peixe morre pela boca! O que falas hoje, amanhã estarás fazendo diferente ou apoiando alguém que pensas o contrário do que considerou certo a vida toda, até defendendo e ofendendo os que pensavam diferente. Chamam isto de “lei do retorno”, uma versão amenizada da frase de personagem humorístico que dizia: “a vingança será maligna”.

O peixe é pego pelo anzol ao abocanhar a isca. As pessoas devem ficar caladas ao invés de falar alguma besteira e futura incoerência, pois o anzol para humanos são os registros do que escreveu, gravações do que falou ou fotos e vídeos do comportamento.

Tudo que falas ou fazes está guardado na memória de alguém ou de uma máquina e banco de dados. Vão te cobrar! Como prevenção destes problemas, antes de sair de casa, fixe o olhar no espelho e repare: – tenho dois ouvidos e uma boca! Isto é um recado da natureza para ouvir muito mais do que falar! Sábia conduta. Da boca saem palavras que magoam como projéteis os corações alheios e já foi chamada de “boca maldita”.

NA SAÚDE

Cada vez mais a boca ganha relevância na prática médica. Somos um tubo que se inicia na boca e nariz e termina no reto e ânus. Ao longo de seu trajeto, temos alargamentos e estreitamentos que controlam e absorvem os alimentos. Cada parte deste tubo recebe nomes diferentes como faringe, esôfago, estomago, intestino e o conjunto se chama trato digestivo.

Cada superfície interna e externa, cada orifício e cavidade do corpo tem uma microbiota específica com centenas de espécies microbianas e milhões de habitantes conhecidos, no conjunto, como microbiota. A boca é o local com microbiota mais rica em variedade ou quantidade e, dentro dela, gengiva, língua e palato têm a sua própria microbiota. Tem bactérias de todos os tipos que se pensar!

Na boca, além de bactérias, vírus, fungos e parasitas, passam todos os dias centenas de substâncias que provocam os mais variados tipos de cânceres. São agrotóxicos, pesticidas, conservantes, adoçantes, formaldeído, álcool, peróxido de hidrogênio, produtos dos dentifrícios, cosméticos, drogas e remédios. E mais, a boca participa das relações sexuais e suas secreções, além de outras bactérias, vírus, fungos e parasitas. Se parar para pensar, não beijaremos nunca mais uma boca!

Tudo o que foi dito foi imaginando-se uma boca bem cuidada com higiene, sem fumar, beber e usar drogas.

Uma boca sem higiene, dentes cariados e ou com placas decorrentes, tem sua microbiota muito mais potencializada do que a normal.

A boca tem grande potencialidade para produzir doenças, e quase todas as doenças humanas, de um jeito ou de outro, passam pela boca. Mas o organismo tem mecanismos eficientíssimos para inibir os microrganismos que entram no sangue pela boca. Se falharem os mecanismos teremos endocardites, sepse, nefrites, artrites e muitas outras doenças.

O QUE FAZER?

Em certas situações os mecanismos ficam abalados e ineficientes, como no diabete, anemia, dietas restritivas, etilistas (um dia chamados de alcoólatras), estressados, leucêmicos e os pacientes com câncer ou oncológicos, especialmente durante os períodos de radio e ou de quimioterapia. Nesses pacientes debilitados, as bactérias e outros microrganismos na boca, ultrapassam os mecanismos e as barreiras de defesa que normalmente as continham no local e ganham a circulação sanguínea e os tecidos distantes. Sem defesas adequadas, as doenças infecciosas como osteomielites na mandíbula, sepse, pneumonias, nefrites e muitas outras graves, levam a quadros dramáticos ou à morte!

Um tratamento médico clínico e ou hospitalar exemplar, para se ter maior chance de sucesso, requer desde o início que o paciente tenha uma boca com higiene adequada, dentes hígidos sem placas, gengivas não inflamadas e língua saudável. Muitas complicações e desdobramentos em pacientes debilitados como oncológicos, diabéticos, cardiopatas e nefropatas ocorrem porque a boca não foi devidamente preparada e passou a ser porta de entrada de microrganismos para as demais partes do corpo!

Os hebreus, no livro “Maaseh Tuviah”, consideraram a boca a entrada ou “hall” do corpo, que seria nossa casa. Sábia consideração!

E você, valoriza a boca? Como?

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