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Usuários de próteses removíveis têm mastigação prejudicada

Prótese

Foto: Jornal da USP

Pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da Universidade de São Paulo (USP) realizaram uma investigação abrangente sobre os efeitos das próteses dentárias removíveis na qualidade de vida, eficiência mastigatória e função mandibular dos pacientes. Os resultados, publicados recentemente no renomado periódico científico The Journal of Prosthetic Dentistry, destacam a importância da preservação da estrutura dentária ao longo do tempo e os desafios enfrentados por aqueles que dependem desses dispositivos. A informação é de Júlia Custódio para o Jornal da USP.

O estudo, inicialmente concebido como um projeto de extensão na FOB, concentrou-se na análise dos fatores que influenciam a qualidade de vida bucal em pacientes utilizando próteses removíveis totais e parciais. As próteses totais, frequentemente uma opção mais acessível, desempenham um papel social crucial para pacientes desprovidos de dentes, comparadas a alternativas mais dispendiosas, como próteses sobre implantes.

A Dra. Carolina Yoshi Campos Sugio, doutoranda em Reabilitação Oral, ressaltou a importância do estudo ao fornecer dados quantitativos sobre a reabilitação com próteses removíveis, que historicamente eram baseados em dados empíricos. Em entrevista ao Jornal da USP, ela destacou: “Nós não sabíamos o quanto isso poderia melhorar a qualidade de vida e impactar na eficiência mastigatória, por isso foi importante trazer dados mais quantitativos.”

No Brasil, onde 33% da população utiliza algum tipo de prótese dentária, e 72% da população acima de 60 anos depende desses dispositivos, as próteses removíveis desempenham um papel crucial na reabilitação oral. A pesquisa buscou avaliar a percepção dos pacientes em relação à qualidade de vida, considerando o contexto social e as limitações anatômicas dos pacientes.

O estudo aplicou três testes para analisar os aspectos das próteses removíveis: o questionário OHIP-14 avaliou a qualidade de vida relacionada a desconfortos e atividades diárias; o questionário JFLS-20 mediu a limitação da função mandibular; e um teste objetivo avaliou a eficiência mastigatória dos pacientes.

Os resultados indicaram que, apesar do papel social crucial das próteses removíveis, essas não proporcionam a mesma eficiência mastigatória que o grupo controle (pessoas com todos os dentes na boca). A reabilitação parcial demonstrou proporcionar uma condição melhor em comparação com a reabilitação total.

A Dra. Linda Wang, professora do Departamento de Dentística da FOB, enfatizou a importância de fornecer atendimento personalizado aos pacientes, visando gerar qualidade de vida. Ela afirmou: “Esse trabalho mostra o quanto envolvemos o paciente na análise para reportar o quanto os métodos funcionam para ele, de forma a unir técnica profissional com o dia a dia do paciente.”

Os pesquisadores também alertaram para a qualidade de vida de pacientes de baixa renda, que podem enfrentar limitações mesmo após a reabilitação com próteses removíveis. Para esses pacientes, a preservação dos dentes ao longo da vida é ainda mais crucial.

Em conclusão, a pesquisa, resultado de uma ação contínua de extensão e ensino do Programa de Educação Tutorial (PET), tem impacto direto na sociedade ao contribuir para a preservação da saúde bucal, levando a menores custos na saúde dos pacientes. A Dra. Linda Wang destacou: “O impacto da pesquisa é o benefício direto à sociedade. Eu acho que esse estudo trabalha dentro da realidade brasileira e das demandas do nosso País, para poder preservar a saúde bucal.”

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