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Unesp desenvolve composto para tratar doenças periodontais

recessão gengival

Bactéria na Gengiva pode causar Alzheimer

Um composto natural extraído de plantas como folhas de goiaba, cascas de maçã, figo, certos chás e amêndoas tem mostrado resultados promissores no combate a doenças periodontais. A substância, chamada morina, apresentou efeitos antimicrobianos, anti-inflamatórios e antioxidantes contra bactérias que causam inflamações na gengiva e perda óssea dentária.

O estudo, conduzido por pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (FOAr-UNESP), foi realizado em laboratório com biofilmes multiespécie – estruturas bacterianas que simulam o ambiente da cavidade oral humana.

A morina foi encapsulada em um sistema de liberação controlada, desenvolvido a partir de polímeros naturais como alginato de sódio e goma gelana. O objetivo é que a substância seja liberada de forma gradual, atuando diretamente na área afetada, sem os efeitos colaterais comuns de medicamentos tradicionais, como antibióticos.

“Queremos oferecer uma alternativa mais segura aos produtos já disponíveis, que muitas vezes causam efeitos adversos como alterações no paladar, manchas nos dentes e aumento da formação de tártaro”, explica a pesquisadora Brighenti, integrante da equipe de desenvolvimento.

Inicialmente, os sistemas foram testados em formas como comprimidos, filmes e micropartículas, mas o tamanho dificultava o uso na boca. Durante seu doutorado, a pesquisadora Sales reformulou o produto, criando um pó fino semelhante ao leite em pó. Essa nova apresentação facilita a aplicação bucal e mantém as propriedades da morina encapsuladas.

“A liberação controlada já é usada em medicamentos, mas ainda pouco explorada na odontologia. A ideia é que o paciente tenha uma experiência mais agradável e eficaz no tratamento”, afirma Sales.

A doença periodontal é causada pelo acúmulo de biofilme – uma película de bactérias e restos de alimentos que se forma sobre os dentes. Quando não tratada adequadamente, pode evoluir para periodontite, uma condição grave que afeta as gengivas e pode levar à perda dos dentes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3,5 bilhões de pessoas em todo o mundo sofrem de doenças bucais, o equivalente a 45% da população global. A periodontite é considerada a sexta doença crônica mais prevalente no mundo.

A equipe da FOAr-UNESP continuará os estudos com a morina, agora em modelos animais e, futuramente, em testes clínicos com humanos. A pesquisa também busca entender se o composto consegue preservar o equilíbrio da microbiota bucal.

“Notamos que o biofilme tratado com a morina encapsulada apresenta menos manchas visíveis, o que pode ser uma vantagem estética. Mas ainda precisamos estudar mais para garantir que o composto não elimine bactérias benéficas da boca”, ressalta Brighenti.

A expectativa dos pesquisadores é que, com o avanço dos testes, a morina possa se tornar uma opção viável, natural e menos agressiva para o tratamento de doenças periodontais, contribuindo para uma odontologia mais sustentável e centrada na saúde global dos pacientes.

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