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Mulheres sofrem mais com dores miofasciais, diz pesquisa

Mulheres na meia idade são mais frequentemente acometidas por dores miofasciais que acabam desencadeando pontos de gatilho em face, mais conhecido pelo termo em inglês trigger points.  Esta foi a conclusão de uma pesquisa realizada por especialistas em Dor e em Cirurgia Bucomaxilofacial, de diferentes instituições brasileiras dos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. O artigo, intitulado Análise retrospectiva de casos tratados de trigger points, foi publicado na edição v4n1 do Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS).

Os pesquisadores selecionaram 100 prontuários de pacientes de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos, que foram atendidos pela equipe no período de 2013 a 2016. O objetivo era avaliar os padrões comuns entre eles, quanto à sistomatologia dolorosa e outros sintomas no pré e pós-operatório, quando da desativação de trigger points, os pontos de gatilho. Os tempos de avaliação da desativação dos trigger points foram nas consultas aos 15, 30, 60 e 120 após o procedimento.

Dos 100 prontuários de pacientes, após a contabilização, foram excluídos 64 que não se enquadravam em todos os itens do instrumento de coleta de dados da pesquisa. A amostra final estudada contabilizou um total de 36 prontuários: 100% dos pacientes eram do sexo feminino, com idade média de 48,5% anos.

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Um tratamento medicamentoso prévio para espasmo muscular foi realizado. Os que não obtiveram melhoria da dor, necessitaram realizar a desativação de trigger points pela técnica do agulhamento, que consiste na infiltração anestésica com xilocaína a 1% sem vasoconstritor.

Após a realização do procedimento, a maioria das pacientes relatou melhora da dor, quanto questionadas sobre a queixa inicial de dor em face na consulta pós-operatória.

A pesquisa constatou, ainda, que o músculo mais afetado foi o masseter (83%), e em 62% dos casos foi apontado bilateralmente. Outros músculos envolvidos, como esternocleidomastoideo e temporal, somaram 11,2% dos casos.

Afinal, o que são trigger points?

O autores do artigo explicam que a disfunção temporomandibular pode ser definida como um conjunto de desordens clínicas abrangendo estruturas musculares, ósseas, sistema estomatognático e, ainda, condições associadas, entre as quais salienta-se a Síndrome da Dor Miofascial. Essa, por sua vez, caracteriza-se principalmente pela rigidez muscular, dor e hipersensibilidade. Portanto, essas zonas mais tensas apresentam nódulos específicos hipersensíveis, conhecidos como trigger points, em português pontos de gatilho, que se localizam clinicamente nas bandas ou fáscias rígidas dos músculos esqueléticos.

Trigger points mais comuns no corpo (Imagem: Reprodução)

De acordo com a literatura apresentada no artigo, os pontos de gatilho, em inglês trigger points, são uma modesta elevação focal, com extensão de 2 a 5mm, que, ao serem estimulados mecanicamente ou espontaneamente, desencadeiam dor local e referida. Portanto, podem ser classificados como ativos quando, ao sofrer algum estímulo, provocam o fenômeno da dor referida, a qual reproduz a queixa sintomatológica do paciente, encontrando-se frequentemente em músculos da região mastigatória, ocasionando uma diminuição da função do músculo afetado e uma limitação na mobilidade das estruturas vinculadas.

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Entretanto, os trigger points latentes, apesar de sensíveis, são me nos dolorosos e podem persistir por anos, podendo, porém, se agudizar, reativando esse ponto de dor. A teoria sobre a etiologia da lesão sugere que esse mecanismo se dá através de uma isquemia causada por espasmos musculares localizados, ou da fadiga dos músculos sobrecarregados, resultante, muitas vezes, de hábitos parafuncionais, microtraumas, postura inadequada, sono insuficiente, deficiências nutricionais, estresse, etc.

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