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“Tratamento para o bruxismo com toxina botulínica: relato de caso”, por Katia Akemi e Sidmarcio Ziroldo

Entenda a importância da aplicação da Toxina Botulínica na odontologia

Entenda um pouco mais sobre os procedimentos que utilizam a toxina botulínica no tratamento clínico odontológico, com fim no maior conforto do paciente:

– Fragmento do artigo “Tratamento para o bruxismo com toxina botulínica: relato de caso”, publica originalmente na Revista Clínica de Ortodontia v16n4 – 2017. –

 

Por: Katia Akemi e Sidmarcio Ziroldo


RESUMO:

Entre as formas de tratamento para o bruxismo, é comum a indicação de uso de placas miorrelaxantes, medicamentos, acupuntura e, mais recentemente, a toxina botulínica. Assim, o presente estudo teve por objetivo demonstrar um tratamento dos sintomas do bruxismo usando toxina botulínica A em um paciente do sexo masculino que relatou cefaleia constante e apertamento dentário diurno e noturno. Para tal, foi aplicada toxina botulínica A (TxB-A) em áreas delimitadas dos músculos temporal e masseter, nas quantidades de 15U e 50U, respectivamente. Os resultados foram satisfatórios, pois o paciente não apresentou reações adversas e as dores musculares e a cefaleia diminuíram.


INTRODUÇÃO:

Grande número de pacientes sofre com dores faciais, podendo somar-se a isso os desgastes oclusais dos dentes, que aparecem como consequência dessas dores. O bruxismo é visto como um dos fatores principais dessas patologias, podendo ser definido, segundo alguns autores, como:

» Contato estático ou dinâmico da oclusão dos dentes em momentos que não sejam aqueles normais no ato da mastigação ou deglutição.

» Denominado neurose do hábito oclusal (efeito de Karolyi), neuralgia traumática, ranger dos dentes e parafunção. Bruxismo é usado amplamente para definir todos os tipos de ranger e apertar dos dentes.

» Conhecido como atividade parafuncional de vigília e/ou do sono. O bruxismo de vigília é caracterizado por uma atividade semi-voluntária da mandíbula, enquanto o indivíduo se encontra acordado. O bruxismo do sono está caracterizado como atividade parafuncional inconsciente de ranger e/ou apertar os dentes, produzindo sons de atrito entre esses durante o sono.

Existem, também, duas outras classificações para o bruxismo: o primário e o secundário. O primário é idiopático e não relacionado a nenhuma causa médica, clínica ou psiquiátrica evidente, parecendo ser um distúrbio crônico persistente, com evolução a partir da infância ou adolescência para a idade adulta. O secundário está relacionado com outros transtornos clínicos, tais como: neurológicos (doença de Parkinson), psiquiátrico (depressão) e transtornos do sono causados pelo uso de medicamentos ou mesmo apneia.

Silva e Cantisano citam que a sua prevalência é de 15% a 90% na população adulta e 7% a 88% em crianças. Porém, sua prevalência geral é difícil de ser estabelecida, já que muitas pessoas que apresentam essa parafunção desconhecem seus sintomas.


TRATAMENTO:

Para o tratamento dos sintomas do bruxismo, há várias alternativas, mesmo não havendo um consenso geral entre os estudiosos. É uma atividade parafuncional de desordem multifatorial, não havendo relatos probatórios para um tratamento específico, nem cura. No entanto, alguns tratamentos psicológicos, terapêuticos, placas miorrelaxantes e a toxina botulínica, de acordo com o perfil do portador, podem ser indicados para o alívio dos sintomas.

O tratamento comportamental para o bruxismo inclui medidas de higiene do sono (instruções com o objetivo de corrigir alguns hábitos pessoais e ambientais que interferem na qualidade do sono), biofeedback (técnica de relaxamento auxiliada pela monitorização de determinadas variáveis fisiológicas, como a eletromiografia, a temperatura cutânea, a frequência cardíaca, a pressão arterial e a atividade eletrodérmica), técnicas de relaxamento específicas (manobras para o relaxamento da musculatura mandibular, como, por exemplo, relaxar sua mandíbula enquanto os lábios estão fechados), hipnoterapia (o paciente relaxa os músculos da mandíbula e associa o estado de relaxamento muscular com imagens) e tratamento comportamental da ansiedade (pacientes com bruxismo, em sua maioria, são ansiosos).

Outra opção de tratamento é a acupuntura, com a intenção de aliviar as condições emocionais e psicológicas, quando essas estão envolvidas na situação clínica que o paciente apresenta.

Segundo Aloé et al., não existe um medica-mento específico que controle a ansiedade ou promova o relaxamento muscular. Mas, para tratamento farmacológico, Rangel et al. citam alguns:

» Relaxantes musculares, quando em ação central, produzem o efeito desejado, por meio da diminuição da corrente tônica dos impulsos nervosos aos músculos esqueléticos e aos de ação periférica, e bloqueiam a ação sináptica da junção neuromuscular, inibindo a contração muscular. Os mais utilizados nesses casos são os benzodiazepínicos, que interrompem o ciclo espasmo muscular-dor-ansiedade.

» Os ansiolíticos promovem o relaxamento muscular por meio da eliminação da tensão; porém, causam dependência e devem ser usados com cautela.

» Os antidepressivos tricíclicos diminuem o número de despertares durante o sono.

» L-dopa substitui a dopamina no cérebro e o propanolol foi relatado no tratamento com pacientes no caso de bruxismo primário e iatrogênico, em uso agudo e crônico de antipsicóticos.


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