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Terapias com novas tecnologias controlam a periodontite

Foto: Pedro Bolle/USP Imagens

Atendimento odontológico. Foto: Cecília Bastos/USP Imagem

Avançam, nos laboratórios da USP em Ribeirão Preto, pesquisas para controle de uma doença comum, mas grave: a periodontite. Enquanto uma equipe da Faculdade de Odontologia (Forp) detém a perda óssea causada pela doença usando um imunossupressor já conhecido do mercado farmacêutico brasileiro, uma outra, com pesquisadores da Forp e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCFRP), desenvolve terapias que controlam a inflamação e sangramento da gengiva.

Ainda incurável e de difícil controle, a doença periodontal é um processo inflamatório que ataca as gengivas (tecidos de proteção) e, depois, os tecidos de sustentação dos dentes (osso alveolar, ligamento periodontal e cemento). A evolução do quadro leva à perda dental e é a principal causa da falta de dentes na população adulta e idosa dos Estados Unidos (75% dos dentes perdidos).

Essa realidade explica os investimentos em pesquisa para o controle de um mal que, em geral, é causado pela falta ou deficiência de higiene bucal. O ideal, segundo Vinicius Pedrazzi, professor da Forp, é manter uso regular de fio/fita dental, escovação rotineira com escova de cerdas macias e um creme dental equilibrado. Mas, somados à higiene, “fatores genéticos; doenças sistêmicas, como o diabetes; maus hábitos, como o tabagismo e o alcoolismo, e o uso de drogas ilícitas, como o crack, também contribuem para a doença periodontal”.

Os principais sintomas da periodontite são: mau hálito, gengivas com aspecto vermelho vivo ou arroxeado, brilhante, que sangram com facilidade, especialmente durante a escovação, sensíveis ao toque, inchadas e com mobilidade dental.

 

Em gel ou filme, fórmulas inibem a doença

Pedrazzi e seu colega Osvaldo de Freitas, da FCFRP, lideram um grupo de pesquisadores que associaram dois medicamentos já conhecidos no mercado, o metronidazol e o benzoato de metronidazol. Desenvolveram dois diferentes produtos – gel e filme – e os testaram em grupos de pacientes portadores de doença periodontal.

As duas fórmulas se mostraram mais eficientes que o tratamento tradicional, que consiste apenas de raspagem e alisamento radicular (base dos dentes). Mas o uso do filme aumentou o tempo sem o sangramento nas gengivas. “As duas formas farmacêuticas trouxeram resultados favoráveis, mas o da preparação em filme foi ainda mais significativo, já que evitou o sangramento gengival por até seis meses, contra os três meses do gel”, adianta Pedrazzi.

No estudo, foram tratados três grupos de pacientes com doença periodontal. Um, de forma convencional; outro, com o gel composto de metronidazol associado ao benzoato de metronidazol (menos solúvel); e, por último, com um filme, mais rígido e menos plástico, também com o composto associado

A fórmula em gel se apresenta na forma líquida quando armazenada em geladeira. Ao ser aplicada com seringa especial “dentro da bolsa periodontal e em contato com o fluido gengival, em temperatura aproximada de 38ºC, o líquido geleifica (adquire corpo e forma do defeito ósseo dentro da bolsa) e vai sendo bioerodido, ou seja, vai se desfazendo a partir de atividades degradadoras intrabolsa periodontal e dos movimentos mastigatórios, por exemplo. Já o filme, com uma consistência mais rígida e espessura bem diminuta, é recortável para adaptação dentro da bolsa, onde permanece por semanas, até meses, até ser totalmente bioerodido ou removido clinicamente pelo profissional”, conta o professor.

Para as terapias, os pesquisadores utilizaram avançadas tecnologias farmacêuticas que possibilitaram a introdução de compostos químicos intrabolsa periodontal, com liberação modificada de metronidazol e benzoato de metronidazol apenas no local de aplicação. Lembra Pedrazzi que “o objetivo do produto é a liberação no local, sem efeitos sistêmicos e sem depender da cooperação do paciente para atingir o efeito pretendido”, adianta.

As fórmulas foram desenvolvidas no Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento Farmacotécnico (LPDF) da FCFRP. Também participaram do estudo os pesquisadores Maria Paula Peixoto, Maíra Peres Ferreira, Paulo Linares Calefi e Mônica Danielle Ribeiro Bastos.

– Reportagem publicada originalmente no site USP Notícias e assinada pela repórter Rita Stella –

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