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Sobreviventes de câncer que fumam têm maior risco a doenças

Uma pesquisa publicada no European Heart Journal mostrou que sobreviventes de câncer que continuam a fumar têm um risco quase duplicado de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou morte devido a doenças cardiovasculares em comparação com não fumantes. 

O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Yonsei, na Coreia do Sul, analisou dados de um banco de dados nacional de saúde que incluiu 309.095 sobreviventes de câncer que nunca tinham tido um enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral.

Os participantes realizaram exames de saúde antes e depois do diagnóstico de câncer, durante os quais o tabagismo foi avaliado por meio de um questionário auto-relatado. Os pacientes foram divididos em quatro grupos com base em sua mudança nos hábitos tabágicos após receberem um diagnóstico de câncer:

Dos 309.095 sobreviventes de câncer, 80,9% continuaram a não fumar, 10,1% pararam de fumar, 1,5% iniciaram ou recomeçaram a fumar e 7,5% continuaram a fumar após serem diagnosticados com câncer.

Os pesquisadores avaliaram o risco de eventos cardiovasculares (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou morte devido à doença cardiovascular) para cada grupo durante uma média de 5,5 anos. As análises foram ajustadas para características que poderiam influenciar a associação entre tabagismo e eventos cardiovasculares, incluindo idade, sexo, renda familiar, área residencial, álcool, atividade física, índice de massa corporal, pressão arterial, glicemia, nível de colesterol, número de outras condições médicas, medicamentos, tipo de câncer e tratamentos anticancerígenos.

Em comparação com o não tabagismo sustentado, o risco de eventos cardiovasculares durante o seguimento foi 86%, 51% e 20% maior entre fumantes contínuos, iniciados/reincidentes e desistentes, respectivamente. Os resultados foram consistentes para mulheres e homens, e quando o risco de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e morte cardiovascular foram analisados separadamente.

Os benefícios de parar de fumar foram ainda maiores quando comparados com continuar a fumar. Dos que eram fumadores antes de lhes ser diagnosticado o câncer, 57% deixaram de fumar depois de descobrirem que tinham câncer. A cessação tabágica foi associada a uma redução de 36% no risco de acontecimentos cardiovasculares em comparação com a continuação do tabagismo.

Mais estatísticas
Aproximadamente um em cada cinco doentes que continuaram a fumar reduziu o seu consumo diário de tabaco em pelo menos 50% após receberem o diagnóstico de câncer. Os doentes que continuaram a fumar, mas fumaram menos, após saberem que tinham câncer, tiveram o mesmo risco de acontecimentos cardiovasculares que os que continuaram a fumar sem redução.

“Alguns indivíduos podem encontrar consolo em reduzir com sucesso o tabagismo sem parar completamente”, disse o Dr. Hyeok-Hee Lee, autor principal do estudo. “No entanto, os nossos resultados implicam que fumar menos não deve ser o objetivo final e que os fumadores devem parar completamente para obter os benefícios de abandonar totalmente o hábito.”

Dos que não eram fumadores antes do diagnóstico de câncer, 2% começaram ou voltaram a fumar após descobrirem que tinham câncer. O início ou recidiva tabágica foi associado a uma elevação de 51% no risco de doença cardiovascular em comparação com o não tabagismo sustentado.

“Embora nosso estudo não forneça evidências conclusivas para as causas subjacentes da iniciação ou recaída do tabagismo, alguns sobreviventes de câncer podem perder a motivação para ter um estilo de vida saudável após a recuperação, enquanto outros podem recorrer ao cigarro como uma forma de lidar com o estresse do seu diagnóstico”, disse o Dr. Lee. “Estas são apenas especulações, e mais pesquisas são necessárias para determinar fatores associados ao início do tabagismo ou recaída em sobreviventes de câncer.”

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