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Pensamentos, sentimentos e atitudes – por Marcelo Calamita

Calamita

Marcelo Calamita

Doutor, Mestre e Especialista. Mantém atividade clínica em tempo integral, dedicando seus estudos e publicando, internacionalmente, artigos e capítulos de livros nas áreas de Planejamento Interdisciplinar e de Reabilitações Estéticas. É ex-presidente da ABOE (Academia Brasileira de Odontologia Estética) e ex-editor-chefe da Revista Dental Press de Estética, além de professor do Excelência na Estética Dental Press

Tenho conversado com educadores em diferentes partes do mundo. Todos estão preocupados com o ensino atual da Odontologia.  A opinião geral é que a qualidade dos curso  de graduação  e pós graduação vem  caindo, assim com o  nível dos alunos, mesmo em  centros de excelência distantes,  com o Alemanha e Estados Unidos.Qual seria a razão? Professores despreparados ou alunos  desmotivados, ou vice-versa, ou ambos?

 Volto no tempo. Uma das coisas que mais marcaram minha vida acadêmica foi o curso de Metodologia de Ensino que fiz em meu mestrado na USP, 20 anos atrás. Ministrado seriamente durante um semestre, pelo Professor da Faculdade de Educação Marcos Masetto, juntamente com o Professor João Humberto Antoniazzi.

Lá comecei a entender o que é ser professor, aliás Professor com P maiúsculo. Esse não deveria ter a pretensão de ensinar algo; sua missão deveria ser planejar as atividades de modo a despertar nos seus alunos o interesse em aprender.

Ele deveria estar atendo ao seu mundo, filtrar informações de qualidade, contextualizá-las com a devida relevância e mostrar soluções práticas, de maneira didática. Em um monto repleto de estímulos, nós somente nos interessamos em aprender coisas que podem ser aplicadas em nossa rotina, aumentando a eficiência nas tarefas do dia a dia, ou mesmo para nos divertirmos.

Esse aparente paradoxo mudou minha vida, pois meu objetivo não deve ser ensinar (ato pretensioso a partir de quem fala), mas assim fazer os alunos aprenderem (ato ainda mais pretensioso, de mudar a vida de quem nos ouve)!!!

Gostaria de citar dois exemplos extremos de professores. Alguns de faculdade que, desde o primeiro contato com os alunos, desdenham de suas escolhas e habilidades, e começam a falar mal das perspectivas da profissão escolhida. Com esse foco deprimido, prestam um grande desserviço à Odontologia, e iniciam um processo de frustração nos alunos. As coisas podem não estar fáceis, mas, com vontade e objetivos alinhados, sempre se progride.

O outro exemplo extremo é o professor que se delicia apresentando suas técnicas cutting-edge e seus materiais state-of-the-art, focando o processo no “veja como eu sou bom, olha como eu sei fazer”.  Aqui, esse profissional, provavelmente bem-sucedido, imbuído até de bons exemplos, muitas vezes traz informações deslocadas do mundo da audiência. E informação fora do contexto não motiva, não gera aprendizagem.

E quanto aos alunos? Concordo, com alguns, que talvez o nível deles não seja o ideal. Mas têm potencial para evoluir. Além das informações científicas básicas, precisam de motivação e, mais do que isso, precisam de exemplos, mestres e mentores, para que, disciplinadamente, possam se transformar em pessoas e profissionais melhores.

O aprendizado somente será efetivo quando vencermos nossas resistências e, de forma crítica, nos abrirmos mudando nossos pensamentos, sentimentos e atitudes em relação ao tema.

 

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