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Pediatras discutem utilização de células-tronco do dente de leite

Muito além das células-tronco do cordão umbilical, que são usadas para tratamentos de doenças sanguíneas, cientistas do mundo todo estão estudando as possibilidades terapêuticas das células-tronco da polpa do dente de leite, chamadas de mesenquimais. Agora, as descobertas começam a sair dos centros de pesquisa das universidades para serem compartilhadas com a área clínica.

(Fonte: Reprodução)
Estas células podem tratar doenças congênitas e degenerativas, como diabetes tipo 1, Alzheimer, cirrose e doenças cardíacas. (Foto: Reprodução)

De acordo com matéria publicada no site Dental Tribune, um evento realizado no fim do ano passado pela R-Crio (Centro de Tecnologia Celular, especializado em armazenar a células-tronco da polpa dental), em Campinas (SP), reuniu pediatras para discutir essas questões. O pediatra Dr. Tadeu Fernando Fernandes, que esteve presente no evento, diz:  “Saber que as células-tronco da polpa do dente de leite têm a capacidade de se transformar em ossos, pele, órgãos, cartilagem, gordura e neurônios dão muita esperança para a pediatria”. Ele falou com um grupo de especialistas durante o evento, e ressaltou: “É importante lembrar que a troca de dentição acontece entre os 6 e os 12 anos. Não dá para perder este prazo e a oportunidade de garantir a saúde de quem hoje é criança, quando for adulto, guardando um órgão que naturalmente será perdido. As outras fontes de células-tronco mesenquimais requerem técnicas mais invasivas, como a da retirada do material da medula óssea”.

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Além de poder auxiliar na recuperação de pacientes vítimas de acidentes, as células-tronco da polpa do dente de leite, por serem de origem mesenquimal, quando estimuladas, são fáceis de se multiplicar em milhões, em um curto período de tempo, além de serem versáteis. Estas células também podem tratar doenças congênitas e degenerativas, como diabetes tipo 1, Alzheimer, cirrose e doenças cardíacas.

O presidente da Academia Brasileira de Pediatria, Dr. José Martins Filho, que também participou do evento, se interessou pelo tema e foi conferir como é feito o processo de preservação das células-tronco, além de se informar sobre os estudos clínicos já existentes, e concluiu: “É o futuro da medicina. Durante dezenas de anos, as células-tronco podem ficar armazenadas em tanques de nitrogênio líquido a – 196º. É bom saber que as famílias pensem na necessidade de preservar as células-tronco mesenquimais para futuro uso terapêutico, não só na infância, mas por toda a vida”, afirmou o pediatra.

Durante o encontro também foi apresentada a técnica de Crispr, pelo Dr. Walter Pinto Júnior, que tem se mostrado um avanço na genética, capaz de substituir o DNA de genes defeituosos por um novo material genético. O titular da Unicamp em Genética Médica explicou que a técnica já provou dar resultados em testes com roedores portadores de retinite pigmentosa, enfermidade que provoca a cegueira na espécie humana, e afeta uma em cada quatro mil pessoas. Pesquisadores do Instituto Salk, nos Estados Unidos, injetaram nos animais um vírus que carregava um conjunto de instruções da edição genética com genes saudáveis, que foram capazes de curar as células doentes.

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“Ao corrigirmos um defeito genético com precisão nessas células-tronco, poderemos multiplicá-las ‘curadas’ milhares de vezes e transformá-las em células do tecido que as necessitam para a atividade do gene ‘curado’, sejam elas do tecido nervoso, muscular, epitelial etc. Como uma grande parte das doenças genéticas se manifesta na infância ou após a puberdade, as células-tronco da polpa dos dentes de leite serão ideais para serem usadas por terem sido preservadas nesse estado totipotencial (capacidade de se diferenciar nos tecidos que formam o corpo humano), sendo que não vão desencadear qualquer reação imunológica de incompatibilidade por serem usadas no próprio indivíduo”, explicou Walter Pinto Júnior.

Tanto o pediatra Tadeu Fernando Fernandes, como o diretor de operações da R-Crio, Walker Jeveaux, esclareceram aos profissionais de saúde questões importantes sobre a guarda das células-tronco e sua utilização. No momento, o que está autorizado pela Anvisa é o armazenamento destas células e isso é de extrema importância já que são elas a matéria-prima para um leque enorme de possibilidades de tratamentos, no futuro.

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Fonte: DentalTribune

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