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O futuro da Implantodontia – o que esperar da especialidade

Desde os primeiros estudos de Brånemark, no início dos anos 1960, que descobriu que metal e osso se integravam perfeitamente e sem rejeição, houve uma verdadeira revolução na osseointegração. Com muita pesquisa e tecnologia, conceitos, técnicas e materiais evoluíram de maneira sem precedentes para chegar à implantodontia como conhecemos hoje, que de maneira segura e eficaz transforma vidas.

Diante de tantas tendências que estão surgindo, o que podemos esperar da implantodontia no futuro? Em congressos, pesquisadores, implantodontistas e fabricantes se reúnem para discutir e apresentar suas descobertas e vislumbrar novos caminhos. No mês passado, alguns dos mais atuantes pesquisadores da implantodontia mundial estiveram na capital paranaense para o 4th Neodent Congress, que reuniu 120 palestrantes e mais de 6 mil profissionais.

Dr. Geninho Thomé, fundador da Neodent, Dr. Ole T. Jensen e Dr. Edward Bruce Sevetz, dos Estados Unidos, e Dr. Ricardo Lillo, do Chile, falaram ao Portal Dental Press sobre suas expectativas para os próximos anos. Veja:

Tendências

Em matéria publicada em outubro do ano passado na revista Ortodontia SPO, os jornalistas Adilson Fuzo e Paulo Rossetti apresentaram uma análise de como a evolução tecnológica pode mudar a Implantodontia nos próximos 20 anos. Eles fizeram uma projeção do impacto e os desdobramentos de onze tendências sobre a reabilitação oral no futuro. “É possível identificar para qual direção estamos caminhando, quais as demandas da sociedade, como a tecnologia está evoluindo e que tipo de estudo está sendo feito. As pistas estão todas aí, bem na nossa frente, basta identificá-las e segui-las”, diz o texto. Confira:

holografia
(Foto: internet)

1.  Planejamento virtual

Uma câmera será capaz de escanear os dentes e a face em três dimensões. Assim, toda fase de planejamento será feita virtualmente, por meio de projeções holográficas interativas. O paciente participa do processo de reconstrução de seu sorriso junto com o especialista e, uma vez definida a aparência do sorriso, será possível simular como ficaria esta dentição em diversas situações cotidianas, como sorrir, falar, gargalhar etc.

2. Big data

Prontuários eletrônicos completos de todos os pacientes serão reunidos uma base única de dados com sistemas internacionalizados, com acesso aberto a todos os profissionais de saúde. Ficará mais fácil de saber, por exemplo, se o paciente fez uso de algum medicamento antes de submetê-lo a uma cirurgia. Paralelamente, contaremos com aplicativos cada vez mais eficientes para coletar e analisar os dados dispersos na internet em tempo real, o chamado Big Data. Com isso, o governo terá uma poderosa ferramenta para mensurar a incidência de cada doença e controlar epidemias.

(Foto: Xie Haining/Folha de S. Paulo/UOL)

3. Dispositivos inteligentes

Com geladeiras inteligentes que fazem lista de compras e automação residencial, que com um toque no smartphone controla a luz da sala, temperatura do quarto e o volume da TV, basta um pingo de imaginação para projetar como a tecnologia dos objetos inteligentes poderia ajudar no monitoramento da saúde oral do paciente. Escovas inteligentes que deduram pacientes que não fizerem a higienização correta provavelmente irão surgir. Além da frequência das escovações, tais dispositivos vão mostrar se a pressão exercida pelas cerdas sobre os dentes está adequada. O dentista poderá consultar os relatórios estatísticos de utilização da escova inteligente.

4. Protocolo simplificado de osteotomia

Talvez, em um futuro próximo, os implantodontistas tenham à sua disposição um sistema composto de duas partes: a parte A será um líquido inteligente, e a parte B será um aparelho ativador. Após a abertura do retalho, o líquido será colocado em contato com o osso, delimitando também a área da cirurgia. Ao ser ativado pela parte B (o aparelho), este líquido A penetrará no tecido ósseo e provocará uma mudança temporária na sua densidade, entretanto, sem alterar o arranjo estrutural organizado. Desta forma, teoricamente, o osso ficaria mais “macio”. Assim, o implante poderia ser colocado de uma vez só, sem qualquer sequência de brocas.

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5. Mecanização, robótica e inteligência artificial

Quanto tempo levará até que alguém invente um robô cirurgião capaz de colocar um implante ou até mesmo de fazer um procedimento de enxerto ósseo? Por mais que tais equipamentos de hoje ainda dependam de cérebros humanos para serem operados, não tenha dúvida de que os avanços na inteligência artificial ainda vão aumentar em muito a autonomia desses robôs nas próximas décadas. O implantodontista deve se preparar para ocupar a posição central nessa transformação do mercado, como um profissional que se diferencia pela sua capacidade de diagnosticar, planejar e contornar situações inesperadas, e não apenas realizar protocolos mecanicamente.

(Foto: Internet)

6. Nanotecnologia

A regeneração de tecidos deve ser um dos segmentos mais beneficiados por esta tecnologia, com a injeção de nanomoléculas capazes de se organizar em formato de fibras milhares de vezes mais finas do que um fio de cabelo, que será muito útil nas correções de defeitos ósseos e na cicatrização de tecidos moles. Otimização dos efeitos de remédios e criação de suturas inteligentes são outros exemplos de como a nanotecnologia pode beneficiar a área da saúde.

7. Fatores de cicatrização

Diversos laboratórios ao redor do mundo já fazem pesquisas, atualmente, em busca de fatores de cicatrização mais potentes. O segredo está em entender como as citocinas se comunicam entre si e com as células envolvidas nestes processos, para que um tecido final (reparo ou regeneração) seja formado. Em 20 anos, certamente, estaremos na geração dos processadores de computador que literalmente “voam” durante os cálculos. O que isto significa? Melhores máquinas para separação e interpretação de dados. A biologia molecular obteve um salto significativo com a introdução da bioinformática. Desta forma, o processamento e a geração do perfil destes fatores de cicatrização (qualidade/quantidade) seriam aliados ao momento da cirurgia. Seria possível saber o que o paciente tem e como dar um boost imediato no processo. Obviamente, já teríamos algo além dos atuais L-PRF e derivados.

(Foto: internet)

8. Simulação de densidade óssea

A expectativa é que, em um futuro próximo, seja possível conhecer a densidade óssea do paciente antes da cirurgia, sem precisar ter acesso direto ao osso que será perfurado. Nos próximos anos, os sistemas de imagem devem dar um salto qualitativo, com mecanismos mais potentes que permitirão a geração de imagens muito mais fiéis da trama interconectada do tecido ósseo. Se a imagem mais detalhada não for suficiente, o cirurgião ainda poderá transferir os dados captados pelo sistema de imagem para um equipamento de interação táctil (háptica), e o profissional poderá ensaiar ostensivamente todas as possibilidades. Para ajudar, a próxima geração do Osstell conectado à caneta de baixa rotação poderá registrar a rigidez interfacial osso/implante em tempo real na cirurgia.

9. Materiais de preenchimento

Dermatologistas já utilizam diversos materiais injetáveis para mascarar a queda dos tecidos faciais, com as papilas não seria diferente. Entretanto, os novos materiais a serem criados acabariam por modificar não só as papilas, mas todo o tecido gengival existente. A ideia é que eles, ao serem injetados, sejam capazes de recuperar o histórico do desenvolvimento papilar (genótipo e fenótipo), reprogramar o maquinário celular e dar uma nova conformação ao tecido gengival, com papilas preenchendo efetivamente estes espaços interproximais. Não só as papilas ficariam melhores, mas também o novo tecido gengival seria capaz de acompanhar as mudanças ou pigmentações melanóticas próprias de cada raça.

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10. Porcelanas fotossensíveis

As porcelanas do futuro terão efeito camaleão: elas irão se adaptar ao ambiente, à iluminação e ao seu modo de vida. Atualmente, os efeitos são colocados nestas porcelanas, mas no futuro teremos recobrimentos fotossensíveis. Eles serão capazes de medir 24 horas a formação da cor nos dentes vizinhos e sob qualquer iluminação, oferecendo uma composição mais harmônica entre dentes naturais e próteses.

(Foto: Internet)

11. Biochips

No futuro, a recuperação dos pacientes de grandes procedimentos cirúrgicos poderá ser monitorada por meio de biochips fixados no local. Tal recurso permitiria verificar, por exemplo, se a irrigação sanguínea está adequada, se um enxerto está realmente sendo incorporado pelo organismo ou se o paciente está ameaçado por um processo inflamatório elevado demais. Estes biochips podem enviar informações em tempo real para um grande banco de dados. Ao final da cicatrização bem-sucedida, eles seriam automaticamente desfeitos ou absorvidos pelo organismo, sem prejuízo algum para o paciente.

Leia a matéria completa no site Orto Ciência.

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