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Mordida torta sugere estresse precoce, diz pesquisa

Uma nova pesquisa feita pela Universidade de Washington sugere que uma mordida torta é um marcador de estresses que ocorrem na vida precoce, até mil dias após a concepção.

As pesquisas confirmam repetidamente que os primeiros mil dias após a concepção influenciam fortemente a expectativa de vida e a suscetibilidade de uma pessoa a doenças crônicas. O marcador primário utilizado para identificar o estresse precoce é o baixo peso ao nascer, o que pode, por exemplo, indicar má nutrição da mãe durante a gravidez.

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Mas o baixo peso ao nascer é um marcador apenas até o nascimento, cerca de 280 dias – muito aquém de uma medida útil para os primeiros mil dias. Por isso, pesquisadores da Universidade de Washington, de acordo com uma nova pesquisa, sugerem que uma mordida assimétrica é um marcador inovador que também captura os estresses precoce da vida que ocorrem após o nascimento.

“As assimetrias no crânio e nos dentes têm sido usadas por décadas por antropólogos para determinar o estresse ambiental, mas raramente têm sido usadas em populações vivas”, disse Philippe Hujoel, autor da pesquisa. “Essas assimetrias de face inferior podem ser avaliadas observando a mordida dentária nos dentes permanentes – um exame que pode ser concluído em segundos e que terá mais precisão do que a recordação materna de peso ao nascer, ou ainda mais fácil do que buscar uma certidão de nascimento”.

O que é uma mordida assimétrica?

Hujoel, professor da UW School of Dentistry, descreve uma mordida torta ou assimétrica quando os dentes mordem para trás ou para a frente de um dos lados do rosto. As assimetrias de mordida para trás, a assimetria de face inferior mais comum na população dos EUA, variaram aleatoriamente entre os lados esquerdo e direito da face, e essa aleatoriedade é uma evidência do estresse no início da vida, de acordo com ele.

O professor ainda enfatizou que os dentes tortos overbites e underbites são diferentes de uma mordida assimétrica. Essas condições podem ser associadas a mordidas assimétricas e simétricas, e quando simétricas, são em grande parte reflexo de genética e não estresse ambiental.

Como foi realizada a pesquisa?

Erin Masterson, Anne-Marie Bollen e Hujoel pesquisaram dados coletados de 1966 a 1970, conseguindo uma amostra de 6 mil e 654 jovens entre 12 a 17 anos de idade, envolvidos no exame National Health Examination Survey. O estudo descobriu que um em cada quatro adolescentes dos EUA tinham as assimetrias de face inferior.

“As assimetrias de face inferior eram comuns em uma geração que se tornou tipificada por uma epidemia de diabetes e obesidade na idade adulta”, observou Hujoel, que é professor adjunto de epidemiologia da Escola de Saúde Pública. A equipe teve que olhar para os dados de quatro décadas atrás porque na década de 1970, ele diz que os pesquisadores dentários encarregados de projetar inquéritos nos EUA começaram a desconsiderar o valor de diagnosticar a assimetria facial, e pararam de tomar essas medições.

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“De uma perspectiva biológica, esta decisão resultou em uma incapacidade de rastrear de forma confiável as tendências nos EUA”, disse Hujoel “Não temos informações atuais sobre a prevalência de assimetrias de face inferior na população dos EUA”.

Pesquisas adicionais são necessárias para identificar se as assimetrias de face inferior são preditivas de doenças crônicas em populações vivas, da mesma forma que as assimetrias de crânio têm sido associadas a doenças degenerativas em populações há muito desaparecidas.

Baixe o artigo na íntegra em inglês aqui.

Fonte: ScienceDaily

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