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Microagulhas podem aumentar eficácia de anestesia tópica odontológica

Pesquisadores do Brasil e do Texas começaram a testar em humanos uma nova estratégia para aumentar a eficácia da anestesia tópica odontológica, usada pelos dentistas para diminuir o desconforto de seus pacientes durante a aplicação da anestesia injetável – necessária para procedimentos mais invasivos como o tratamento de cáries, extração de dentes ou cirurgias.
anestesia tópica
Microagulhas (Foto: Agência Fapesp)

Trata-se de um pequeno dispositivo contendo 57 microagulhas que, ao ser colocado na gengiva, na bochecha ou em qualquer outro local da boca a ser anestesiado, cria pequenos furos pelos quais substâncias anestésicas como a lidocaína penetram – alcançando regiões um pouco mais profundas da mucosa oral.

O medo da injeção é um dos principais fatores que levam os pacientes a desenvolver fobia de dentista e a evitar tratamentos odontológicos, o que impacta negativamente a saúde oral da população, avalia Harvinder Gill – professor do Departamento de Engenharia Química da Texas Tech University (TTU), Gill desenvolve projeto em parceria com Michelle Leite, pesquisadora da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no âmbito do programa São Paulo Researchers in International Collaboration (SPRINT), da FAPESP, que financia o projeto.

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“Essa situação causa ansiedade tanto nos pacientes como nos dentistas, podendo comprometer os resultados do tratamento”, afirmou Gill. De acordo com ele, pela baixa penetração e eficácia, métodos convencionais de anestesia tópica não garantem proteção ao paciente. “Uma injeção muito profunda é necessária para adormecer a área a ser tratada ou para bloquear um nervo. E essa injeção costuma ser dolorosa.”

O método já foi testado em 10 pacientes em um ensaio preliminar e, segundo o pesquisador, foi bem tolerado.

Harvinder Gill, professor do Departamento de Engenharia Química da Texas Tech University, e as microagulhas (destaque) | Foto: Karina Toledo (Agência Fapesp)

“Entre nossos objetivos estão mensurar a dor causada pelas microagulhas, que têm cerca de 700 micrômetros de comprimento cada, e determinar a eficácia desse sistema para aumentar a ação da anestesia tópica”, disse o pesquisador. Um dos principais objetivos do projeto é avaliar a viabilidade dessa nova estratégia para liberação de fármacos para a mucosa oral.

O tema foi um dos destaques do penúltimo dia da FAPESP Week Nebraska-Texas, simpósio ocorrido nos Estados Unidos entre 18 e 22 de setembro, nas cidades de Lincoln (Nebraska) e Lubbock (Texas), com o objetivo fortalecer a pesquisa colaborativa entre cientistas paulistas e estadunidenses.

Fonte: Agência FAPESP

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