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Metodologia polêmica de Start-up americana ganha destaque na Folha de S. Paulo

Alinhadores estão sendo impressos em impressora 3D para tratamentos à distância nos EUA

Uma Start-up americana, a SmileDirectClub, ganhou destaque em reportagem da Folha de São Paulo, no final de setembro, por oferecer tratamento ortodôntico com alinhadores por menos da metade do preço praticado nos Estados Unidos: enquanto ortodontistas tradicionais cobravam US$ 5 mil, o programa da start-up custava cerca de US$ 2 mil. O “desconto” se deve pela modalidade à distância com que é feito o tratamento. Basicamente, o paciente se dirige até um estabelecimento comercial situado em Atlanta, na Georgia, onde tem o primeiro – e único – contato físico com um profissional da Ortodontia. Lá, tira os moldes dos dentes  e, após as digitalizações da arcada, recebe via correio algumas bandejas de alinhadores de plástico impressos em 3D. O progresso, ou não, do tratamento é analisado via redes sociais, através de selfies que o próprio paciente tira.

Nos Estados Unidos, esse tratamento já vem sofrendo críticas de outros profissionais da área. Segundo apurou a Folha, a principal Associação de Ortodontistas do país já protocolou denúncias em pelo menos 36 Conselhos de Classe contra o procedimento. Ressaltou-se também os perigos do tratamento à distância e a importância do acompanhamento profissional especializado. No Brasil, esse tipo de tratamento é veemente proibido pelo Conselho Federal de Odontologia, bem como pelas associações de classe. Klaus Barretto, docente da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e professor visitante da Universidade de Manchester – na Inglaterra –,  comentou sobre o assunto em editorial publicado pela Angle Education and Research Foundation. Após contextualizar o histórico dos alinhadores e a “tendência” dos procedimentos à distância, ele destacou que não há amparos técnicos e científicos para que o tratamento seja feito de maneira segura.

 

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“Não é produtivo tentar lutar contra os avanços tecnológicos ou as novas tendências de mercado. Da mesma forma que os carros, em breve, não precisarão de motoristas, é possível que algum dia o tratamento ortodôntico seja mais simples e sem o ortodontista. Sempre haverá novas tendências de mercado, moda e diferentes perfis de usuários com diferentes níveis de demanda. Entretanto, todos sabem que humanos não são carros. Mesmo com o que há de mais moderno em desenvolvimento tecnológico, todo o acúmulo de coleta de dados para tratamentos feitos através dos anos, e as promessas de inteligência artificial, os preceitos matemáticos de algoritmos estão distantes de estarem prontos para incorporar a imprevisibilidade da individualidade biológica. Essa variação é responsável por infinitas combinações de características que fazem a oclusão, saúde bucal, e a relação das condições psicológicas individuais do paciente quanto a isso”, ponderou.

Estima-se que, ao redor do mundo, cerca de 300 milhões de pessoas tenham algum problema de desalinhamento dentário e que possam se beneficiar de algum tipo de tratamento odontológico. A SmileDirectClub, que está no mercado há 4 anos, já fez tratamentos em mais de 200 mil pacientes, com alinhadores personalizados e tratamentos à distância – apenas com o primeiro contato para scaner da arcada. Em 2016, o mercado global de ortodontia – em procedimentos com aparelhos tradicionais – girava em torno de US$ 1,5 bilhão. Para 2023, espera-se que o mercado cresça para US$ 2,6 bilhões, conforme dados da Allied Market Reaserch.

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