Dental Press Portal

Qual a melhor técnica de cimentação para restaurações de cerâmica?

Na verdade, a resposta depende do tipo de cerâmica empregada. Como vimos em colunas anteriores, as cerâmicas dentais apresentam composições e propriedades distintas, não sendo aplicadas as mesmas técnicas de cimentação para todos os sistemas, portanto devemos primeiro identificar qual material será empregado para confecção da restauração.

ceramica
A cimentação de coroas totais cerâmicas de alumina ou zircônia pode ser feita com cimento de fostato de zinco, ionômero de vidro ou com cimento de ionômero de vidro reforçado com resina (Fonte: Reprodução)

Porcelanas feldspáticas ou sistemas à base de dissilicato de lítio (vitrocerâmicas) que podem ser condicionados com ácido fluorídrico e com isso são passíveis de uma efetiva cimentação adesiva. Devemos lembrar que o simples uso de um cimento resinoso não caracteriza uma cimentação adesiva, mas sim o uso de sistema adesivo associado às técnicas de condicionamento do substrato dentário e da restauração.

As técnicas para cimentação adesiva são extremamente sensíveis e requerem tanto instrumental adequado, quanto conhecimento e treinamento do Cirurgião-Dentista. O preparo prévio do dente por meio de profilaxia com pedra pomes e água é um passo de grande importância, porém muitas vezes negligenciado pelos profissionais. A utilização de isolamento absoluto é recomendável porém não obrigatória. Um bom isolamento relativo é mais eficiente que um isolamento absoluto inadequado.

O dente deve ser condicionado com ácido fosfórico e a peça cerâmica com ácido fluorídrico. A seleção do sistema adesivo é fundamental para o sucesso do procedimento, mas o profissional deve priorizar os sistemas de polimerização dual. Após o condicionamento com ácido fluorídrico, a peça cerâmica deve ser tratada com um agente silano. Os cimentos somente fotopolimerizáveis são os cimentos resinosos menos utilizados hoje na rotina clínica.

Eles têm indicações limitadas em facetas e lentes de contato. Para que a cura desses cimentos seja completa, a restauração indireta deve possuir, no máximo, 2 (dois) milímetros de espessura, caso contrário, a luz não passará através da restauração não havendo, por conseguinte, conversão total do material. Já os cimentos resinosos de polimerização dual são indicados para restaurações cerâmicas de dentes anteriores e posteriores.

Estas restaurações permitem a passagem da luz, que inicia o processo e a reação química subsequente, o que garante a completa polimerização do cimento. Existem hoje no mercado cimentos resinosos autocondicionantes, que dispensam o condicionamento ácido do dente e a utilização de agentes adesivos. Estes cimentos têm como vantagem um menor grau de sensibilidade dentinária pós-operatória. Devemos somente realizar profilaxia com pedra pomes e água no dente preparado, porém mantemos o protocolo para condicionamento e silanização da peça protética.

Já os sistemas cerâmicos à base de alumina e zircônia não podem ser condicionados com ácido fluorídrico e, portanto não devem ser submetidos à cimentação adesiva. Na verdade, ao contrário das porcelanas feldspáticas, devido ao seu alto desempenho mecânico, a cimentação adesiva é desnecessária do ponto de vista estrutural.

A cimentação de coroas totais cerâmicas de alumina ou zircônia pode ser feita com cimento de fostato de zinco, ionômero de vidro ou com cimento de ionômero de vidro reforçado com resina. Para restaurações parciais, onde é necessária uma qualidade estética do cimento, podemos optar por cimentos resinosos, mediante somente silanização da peça e tratamento do dente preparado, segundo o protocolo exigido pelo cimento resinoso, porém não podemos contar com a efetividade da adesão do cimento à restauração, mas com a retentividade do preparo dental.

Fonte: Jornal ABOR RJ

Sair da versão mobile