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Luísa Sonza abre cerveja com os dentes e ‘polemiza’ nas redes sociais

Luísa Sonza publicou o vídeo e logo começou a ser alertada pelos fãs, sobre os perigos e problemas que poderia ter com essa “praticidade”

Luísa Sonza
Influencer publicou vídeo nas redes sociais abrindo a cerveja com o dente

A cantora Luísa Sonza publicou, na última sexta-feira (11), um vídeo em suas redes sociais, abrindo uma garrafa de cerveja com os dentes. Na legenda, a seguinte frase: “Praticidade é tudo”. A imagem repercutiu nas redes sociais e, grande parte dos fãs da influencer, já dava o recado: “Seu dentista vai te matar”; “‘Miga, tá doida? Isso pode fraturar seu dente, e ai ‘tcharam’ a praticidade vai ser um implante…”, comentaram dois dos seguidores da artista.

Utilizar os dentes como “abridor de garrafas” pode acarretar uma série de problemas na saúde bucal e, como disse uma das seguidoras da cantora, é passível, inclusive, de extração, dependendo do trauma que for causado ao dente. O professor, livre-docente e titular da FOB (Faculdade de Odontologia de Bauru) da USP (Universidade de São Paulo), Alberto Consolaro, escreveu um artigo justamente sobre esse tema, em 2017, na Revista de Estética Dental Press.

Naquele ano, uma propaganda de cerveja expunha um rapaz abrindo a cerveja com os dentes e causou polêmica no meio odontológico, já que, aparecer tomando bebida alcoólica é proibido pela auto-regulação publicitária, mas, abrir a garrafa com os dentes não implicava em nenhum problema nesse sentido, apesar dos problemas de saúde que o ato pudesse causar. Relembre alguns pontos levantados pelo professor Consolaro nesse artigo.

 

Trechos extraídos do artigo “Abrir cerveja com os dentes, pode!?”, publicado pela Revista de JCDR (Journal of Clinical Dentistry and Research) Dental Press, v14n1, de 2017.

 

Alberto Consolaro (Foto: Lucas Amorim/Dental Press)

O QUE ACONTECE?

Os pré-molares têm duas cúspides unidas por esmalte e dentina com um sulco profundo entre elas no qual se encaixa os dentes opostos. Ao pegar a garrafa e tirar sua tampinha de metal, a apreensão é feita por encaixe entre as duas cúspides. Ao fazer uma alavanca com a garrafa para remover a tampa, há uma força enorme que pode fazer “separar” as duas cúspides do dente que silenciosamente fratura-se sem sinal clínico e permanece como uma trinca com as partes bem adaptadas.

Apenas semanas ou meses depois começa a ter dor, mobilidade e sangramentos. Nas imagens radiográficas e tomográficas, a justaposição dos dois fragmentos dentários é tão discreta que nem permitem um diagnóstico imedia to. Este tipo de fratura vertical leva à perda do dente.

O movimento de alavanca da garrafa para remover a tampa desloca imperceptível e subitamente o dente no alvéolo: é um traumatismo tipo concussão. Pode lesar os vasos sanguíneos que entram na raiz e a polpa sucumbe por falta de irrigação o que se chama de Necrose Pulpar Asséptica.

Não há dor e o que faz procurar o profissional é a cor escura que interfere na estética. Aos poucos, os produtos da necrose tecidual atingem o forame apical e, embora não contaminados, são agressivos induzindo lesões, inclusive cistos. A abertura de garrafas com os dentes pode induzir reabsorções dos tecidos mineralizados do dente como a Interna, por Substituição e Cervical Externa. O paciente não faz relação com a sua mania de abrir cervejas com os dentes!

SUGESTÃO

Abrir garrafas de cerveja com os dentes deve ser desencorajado, pois a potencialidade agressiva é muito grande, inclusive com perda do dente. Nas propagandas, deve-se ter o cuidado para que este ato deletério não seja exposto, pois pode estimular sua repetição pelas crianças, jovens e adultos não esclarecidos. Os órgãos, associações e sociedades odontológicas devem atuar junto à mídia para suspender eventuais ocorrências que ocorre por desconhecimento dos produtores e idealizadores destas peças publicitárias.

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