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Estética facial em indivíduos pardos: qual a preferência da população?

A estética facial desempenha um papel importante no desenvolvimento das relações interpessoais, inclusão social e autoestima. Em tempos em que os padrões de atratividade facial e estética são ditados pela mídia e redes sociais, um estudo publicado na edição v23n2 da Dental Press Journal of Orthodontics (DPJO), intitulado Percepção da atratividade do perfil facial de indivíduo pardo com diferentes graus de projeção ou retrusão labial, na cidade de Salvador/Bahia, procurou saber qual a preferência da população em relação à estética facial em indivíduos negros e pardos, a fim de ajudar no planejamento ortodôntico dessa população.

Por meio de um programa de edição gráfica de computador, a foto de uma mulher parda foi manipulada de forma a gerar imagens com diferentes intensidades de retrusão e protrusão facial. Em seguida, voluntários abordados aleatoriamente em locais públicos como praças, rodoviárias e parques foram convidados a responder um questionário desenvolvido para esse estudo, no qual era perguntado qual das fotos apresentava a maior atratividade no perfil facial.

estética facialDados sócio demográficos dos entrevistados foram também coletados e correlacionados às respostas. Os resultados mostraram que independentemente da cor, sexo ou renda dos entrevistados, o perfil facial reto foi considerado o mais atrativo. Em seguida, o perfil facial ligeiramente côncavo foi escolhido. Os perfis moderadamente e extremamente protrusos foram considerados com menor atratividade. Os resultados obtidos mostram que a população entrevistada considera a protrusão facial uma característica que compromete a estética facial em indivíduos pardos.

Para atender a um padrão estético considerado ideal pela maioria das pessoas, muita gente tem se sujeitado a tratamentos médico e odontológicos para atingirem a aparência desejada. A projeção dos ossos maxilares e dentes é considerada por muitos como uma característica não estética, e dentre as opções terapêuticas, a Ortodontia lança mão de extrações dentárias planejadas, promovendo uma drástica mudança no perfil facial. No entanto, esse procedimento é questionável em se tratando de indivíduos pardos e negros, visto que uma face mais prognata pode ser considerada como da própria arquitetura facial nestes grupos.

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De acordo com Emanuel Braga, professor de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da UFBA e coordenador da pesquisa, há uma carência de informações a respeito da estética facial em indivíduos pardos e negros. “Isso é, de certa forma, intrigante, visto que segundo dados do IBGE, aproximadamente 80% da população brasileira se intitulam dentro destes dois grupo. Além disso, o estudo foi realizado em Salvador, cidade com marcante histórico de escravidão africana, fato que resulta em grande miscigenação racial e diversidade na morfologia facial.” Braga conta que o resultado foi uma surpresa, pois esperava-se que uma face mais protrusa fosse melhor tolerada numa amostra em que a projeção dos ossos maxilares ou dos dentes pode ser considerada um achado comum.

Estudos recentes provaram que até mesmo a capacidade de se conseguir um emprego está relacionada à atratividade facial, e acredita-se que a aparência também pode determinar aspectos importantes no tocante ao desenvolvimento psicossocial. Este estudo pretende oferecer parâmetros para embasar decisões terapêuticas no tocante tratamentos odontológicos que possibilitem mudanças na estética do perfil facial.

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