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Escâner Intra-Oral: chegou o momento de investir em um? – por Oswaldo Scopin

oswaldo scopin

Mestre e Doutor em Prótese Dental pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (FOP-Unicamp), Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Odontologia Estética do Centro Universitário do SENAC, São Paulo, e Editor-chefe do Journal of Clinical Dentistry and Research (JCDR), da Dental Press .

Essa é uma das perguntas mais frequentes que tenho recebido nos últimos meses. E não somente eu, mas vários profissionais, tanto da área clínica quanto laboratorial, assim como empresas da área, são questionados com frequência. Obviamente, não é uma resposta simples. Primeiro, por envolver o verbo “investir”. A decisão de comprar algo que traga algum tipo de benefício é sempre uma atitude individual, que envolve uma série de variáveis.

Entre elas, estão a disponibilidade financeira e, muitas vezes, a incerteza de estar fazendo um bom negócio. O segundo fator é ser o Escâner Intra-Oral (EIO) um equipamento que não é relativamente novo no mercado, mas que nos últimos anos se desenvolveu de tal forma que leva o questionamento, de investir ou não em um desses dispositivos, a ser algo cada vez mais intenso e discutido.

Como usuário de escaners há aproximadamente 5 anos, primeiro laboratorial e, nos últimos anos, intra-oral, tanto em minha clínica privada quanto em instituições de ensino às quais eu sou vinculado, vou tentar “ajudar” a responder a essa pergunta que não é tão fácil de ser respondida!

Se for responder a essa pergunta com base na evolução dos EIOs, o que tenho a dizer é que chegamos a um momento em que os dispositivos disponíveis no mercado são excelentes no que se propõem, são precisos na captura de imagem, processo do desenho e de dados, e podem ser eficientes.

Mas vamos ao primeiro ponto: “podem ser eficientes”. Nesse ponto, o que quero salientar é que a máquina captura dados (ex: imagens da boca) e os transforma em um desenho. A partir disso, uma série de fatores passam a ser importantes de ser analisados, como: Quem irá “desenhar”, por exemplo, o planejamento digital, o enceramento virtual, e como isso irá para a boca do paciente?

Esse simples questionamento já serve para começar a entender como o processo funciona. Se o dentista tem somente uma cadeira, e tempo limitado para atendimento de pacientes, talvez seja melhor que esse serviço seja feito por um laboratório que tenha equipamentos e equipe com conhecimento para processar dados e transformar “imagens” em dentes… seja um planejamento ou mesmo um coroa protética. Em contrapartida, se o dentista faz parte de uma clínica com dois ou
mais profissionais, trabalhando em várias cadeiras, o processo pode ser outro.

O dentista com esse segundo perfil pode ter a necessidade de montar um “mini-laboratório” digital, criando peças protéticas e/ou planejamentos sem a necessidade de um laboratório externo. Há vários formatos de negócio onde a digitalização pode ser eficiente e comercialmente viável. Em algumas mesas-redondas que participei sobre CAD-CAM, já escutei frases como: “os laboratórios vão acabar”, “os dentistas vão fazer suas próprias peças”, “o técnico em prótese dental (TPD) vai ficar desempregado” e tantas outras premonições.

Para mim, são todas exageradas e têm uma certa visão imparcial do mercado e da educação. O ponto é: o mercado mudou e está mudando muito rápido, e isso não tem volta. Os laboratórios e os TPDs precisam se adequar às novas tecnologias mais rápido ainda do que com as outras mudanças que ocorreram na Odontologia. E a mais recente é: laboratórios precisam estar preparados, e com equipe treinada para receber uma avalanche de dados que “podem” começar a surgir oriundos das centenas, e daqui a pouco milhares, de EIOs que estarão em clínicas restauradoras, de implante, ortodônticas, e o que mais pudermos imaginar

Do lado dos dentistas, o clínico tem que pensar em quais benefícios o uso de EIOs traria para seu negócio. Vou citar um dado obtido por mim por meio de uma consultoria feita em laboratórios: o principal motivo da repetição de trabalhos é referente à falta de contato proximal e oclusão inadequada. Ambos derivados, principalmente, de “moldes” inadequados, modelos antagonistas de baixa qualidade e registro de “mordida” imprecisos. Esses erros — cometidos por clínicos e, obviamente, aceitos pelos laboratórios, que “tocam” o trabalho adiante — causam milhões de reais em prejuízos, se computarmos o número de laboratórios que há no Brasil.

Um EIO e o processo adequado reduziriam drasticamente esses dados negativos. Sim, meus caros leitores, moldagem é um problema! Registro intra-oral é um problema! Modelo antagonista é um problema! Não estou afirmando que todos moldam mal ou não sabem fazer um registro, é apenas uma análise de dados que mostra que são fatores críticos. E a utilização de um EIO pode minimizar esses problemas!

Como podem ver, esses são alguns fatores a se considerar. Assim como a utilização de dispositivos de magnificação, como microscópios e lupas, a radiografia digital… O início da mudança não é fácil! Há inúmeras formas de se analisar e, até mesmo, responder à pergunta que dá título a esse editorial. Mas o ponto é… se o momento de ter um escaner intra-oral não chegou… está chegando!! E, quando chegar, que “A Força esteja com vocês”.

*Texto publicado originalmente na edição v14n4 da JCDR.

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