Como a SEPA decidiu lançar a iniciativa Princípios para a Saúde Oral?
A Fundação SEPA lançou os Princípios para a Saúde Oral para enfrentar o impacto global das doenças periodontais, promovendo estratégias de prevenção e tratamento baseadas em evidências. Essa iniciativa tem como objetivo simplificar e disseminar mensagens-chave da literatura científica e das diretrizes clínicas tanto para os profissionais da odontologia quanto para o público em geral. Existem três razões principais para o lançamento da iniciativa:
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Desafio global de saúde: as doenças periodontais são um problema significativo de saúde pública mundial, frequentemente subdiagnosticadas e subtratadas. A SEPA reconheceu a necessidade de uma abordagem unificada para melhorar os resultados em saúde oral globalmente.
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Prática baseada em evidências: era necessário reduzir a distância entre a pesquisa científica e a prática clínica, fornecendo diretrizes claras e práticas para os profissionais de saúde bucal.
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Conscientização pública: aumentar a compreensão da população sobre a importância da saúde bucal para o bem-estar geral foi um fator-chave, com o objetivo de incentivar o cuidado preventivo e a intervenção precoce.
Quais são as prioridades da SEPA que orientam a estratégia de implementação da iniciativa Princípios para a Saúde Oral?
Eu destacaria quatro delas:
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Colaboração global: a SEPA fez parcerias com especialistas e organizações internacionais para garantir que a iniciativa tenha ampla relevância e aplicabilidade.
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Recursos educacionais: essa iniciativa inclui o desenvolvimento de materiais educativos, documentos de consenso e campanhas de comunicação voltadas tanto para profissionais quanto para pacientes.
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Foco nos antissépticos: os Princípios para a Saúde Oral enfatizam o papel dos antissépticos e dos enxaguantes bucais antibacterianos testados clinicamente no controle da inflamação gengival.
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Alcance global: a abordagem é verdadeiramente internacional, com atividades programadas em sete países importantes — Espanha, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Brasil e Estados Unidos — para maximizar o impacto e reunir diferentes perspectivas.
Ao lançar a iniciativa Princípios para a Saúde Oral (POH), a SEPA busca promover um movimento global em prol da melhoria da saúde periodontal por meio da colaboração, da educação e da disseminação das melhores práticas.
Quem são os especialistas por trás da fase científica da iniciativa POH?
Estes são os especialistas de alto nível envolvidos: Iain Chapple (Reino Unido), Henrik Dommisch (Alemanha), Bahar Eren Kuru (Turquia), Ricardo Fischer (Brasil), Elena Figuero (Espanha), Marjolaine Gosset (França), Filippo Graziani (Itália), David Herrera (Espanha), Rhiannon Jones (Reino Unido), Ana Molina (Espanha), Panos Papapanou (Estados Unidos), Simone Ruzario (Reino Unido), Beatriz de Tapia (Espanha), Nicola West (Reino Unido) e eu, que também sou a coordenadora científica do projeto. Mais informações estão disponíveis em principlesfororalhealth.com.
A SEPA é uma sociedade científica nacional, mas a iniciativa POH é global. Por quê? E por que a SEPA decidiu internacionalizar essa campanha?
A Sociedade Espanhola de Periodontia e Osseointegração (SEPA) criou a Fundação SEPA em 2012 para promover a periodontia e a saúde bucal em nível global por meio de iniciativas como esta campanha. Essa expansão foi impulsionada por quatro razões estratégicas e alinhadas à sua missão:
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Alianças estratégicas globais
A SEPA estabeleceu parcerias com entidades internacionais, como a Listerine®, para promover a saúde periodontal em escala mundial. Essa colaboração destaca o compromisso da SEPA em enfrentar os desafios da saúde bucal que ultrapassam fronteiras nacionais, reconhecendo que as doenças periodontais são uma preocupação global. -
Colaboração internacional e troca de conhecimento
Ao organizar eventos como o congresso SEPA 2024 em Bilbao, que reuniu mais de 4.500 participantes de 48 países, a SEPA cria uma plataforma para que especialistas do mundo inteiro compartilhem inovações e melhores práticas. Esses encontros facilitam a troca de conhecimento e incentivam a adoção de estratégias eficazes para a saúde periodontal em nível mundial. -
Promoção de cuidados de saúde integrados
As iniciativas da SEPA enfatizam a conexão essencial entre a saúde bucal e o bem-estar geral. Ao promover medidas preventivas e a colaboração interdisciplinar, a SEPA busca melhorar os resultados em saúde de forma ampla, alinhando-se aos objetivos globais de saúde. -
Liderança em advocacy global em saúde
A abordagem proativa da SEPA, ao estabelecer estruturas e alianças, a posiciona como uma liderança na defesa da saúde bucal global. Ao expandir suas campanhas internacionalmente, a SEPA contribui para o esforço global de reduzir a carga das doenças periodontais e melhorar a saúde pública.
Em resumo, a decisão da SEPA de globalizar a iniciativa POH reflete seu compromisso com o combate às doenças periodontais por meio da colaboração internacional, de parcerias estratégicas e de uma abordagem integrada da saúde. Essa atuação global não apenas amplia o impacto da SEPA, como também contribui significativamente para o avanço da saúde periodontal no mundo todo.
Qual é a origem do relatório POH? Como ele foi elaborado?
O relatório POH teve origem em uma iniciativa liderada pela Fundação SEPA durante uma reunião realizada no Centro SEPA, em Madri, no ano passado. O objetivo foi estabelecer um conjunto de princípios universais para promover e integrar a saúde bucal nas políticas e nos sistemas gerais de saúde.
Origem:
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A iniciativa surgiu em resposta ao crescente reconhecimento global da necessidade de alinhar a saúde bucal com a saúde geral e com modelos de atenção à saúde sustentáveis.
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Embora seja uma sociedade científica nacional, a SEPA buscou assumir um papel de liderança global ao enfrentar a condição fragmentada (e frequentemente negligenciada) da saúde bucal em muitos sistemas de saúde ao redor do mundo.
Processo de elaboração:
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O relatório foi desenvolvido por meio de um esforço colaborativo, multidisciplinar e internacional.
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Contou com especialistas de diversas áreas, incluindo periodontia, saúde pública, economia e formulação de políticas.
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A Força-Tarefa Global POH, formada pela SEPA, coordenou o processo de redação, integrando contribuições de:
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Evidências científicas;
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Melhores práticas em sistemas de saúde;
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Consultas com partes interessadas, incluindo formuladores de políticas, clínicos e instituições acadêmicas.
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Como o relatório pode ajudar os profissionais da odontologia a cuidarem de seus pacientes? Você pode dar alguns exemplos?
Claro. As informações sobre o uso de antissépticos já estão disponíveis há bastante tempo. No entanto, esses dados podem ser complexos de compreender em suas fontes originais, tanto para profissionais de saúde bucal em geral quanto para os pacientes. Por isso, com essa iniciativa global, buscamos simplificar e transformar as mensagens e recomendações científicas em conteúdos simples e compreensíveis, que qualquer pessoa possa utilizar.
Para citar alguns exemplos, pacientes com certos fatores locais ou gerais — como aqueles com altos níveis de inflamação gengival mesmo com baixa presença de biofilme, pessoas com dificuldades motoras ou pacientes com doenças sistêmicas associadas — podem se beneficiar especialmente dessas orientações.
O relatório POH tem como objetivo incentivar e capacitar os pacientes odontológicos a cuidarem melhor da saúde gengival. Como ele pode ajudar, na prática, os pacientes com periodontite?
Bem, o uso complementar de antissépticos ajuda no controle da inflamação gengival e na redução dos índices de placa, o que, consequentemente, auxilia no manejo da gengivite. Além disso, esses mesmos motivos justificam seu uso durante a fase de Cuidado Periodontal de Suporte (CPS), pois os antissépticos podem ser considerados na prevenção de recaídas da periodontite.
E a população em geral?
Devido à alta prevalência da gengivite, e considerando que gengivite e periodontite podem ser entendidas como um contínuo da mesma doença, somado às limitações da higiene oral mecânica realizada pelo próprio paciente, uma grande parte da população pode se beneficiar do uso complementar de antissépticos.
Alguns dos coautores do relatório liderado pela SEPA também são figuras importantes da EFP. Como as conclusões do POH se alinham às diretrizes da EFP?
Perfeitamente. Todas as informações incluídas no relatório de consenso do POH são baseadas em dados já existentes, especialmente nas conclusões do Workshop da EFP sobre Prevenção de Doenças Periodontais de 2014 e na Diretriz de Prática Clínica para o tratamento da periodontite em estágios I a III. Portanto, o relatório está totalmente alinhado com os dados publicados anteriormente. Ainda assim, ele torna as mensagens científicas anteriores mais fáceis de entender, mais práticas e mais acessíveis tanto para os profissionais da odontologia quanto para os pacientes.
Quais são os pacientes odontológicos que mais se beneficiam do uso de enxaguantes bucais?
Pacientes afetados por fatores gerais ou locais que tornam o acúmulo de biofilme e a inflamação gengival especialmente arriscados, tais como:
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Fatores locais:
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Altos níveis de inflamação gengival, apesar de baixos níveis de biofilme (por exemplo, mais de 10% de sangramento à sondagem em pacientes com controle de suporte periodontal – SPC).
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Acessibilidade inadequada para higienização ao redor dos dentes ou implantes (por exemplo, apinhamento dentário, restaurações com excesso de material, aparelhos ortodônticos fixos).
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Fatores anatômicos que podem favorecer a retenção de biofilme (por exemplo, concavidades radiculares, pérolas de esmalte, sulcos radiculares, lesões dentárias como desgaste cervical).
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Implantes dentários e/ou restaurações protéticas extensas em pacientes suscetíveis.
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Fatores gerais:
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Condições gerais de saúde com algum grau de comprometimento imunológico ou doenças crônicas (por exemplo, pacientes com diabetes mal controlado).
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Fragilidade ou pacientes idosos.
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Pacientes com destreza manual limitada (temporária ou permanente) ou com baixa motivação.
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