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Steven J. Lindauer, editor-chefe da “The Angle Orthodontist”, fala ao DPJO

O ortodontista norte-americano Steven J. Lindauer, editor-chefe do The Angle Orthodontist e chefe do Departamento de Ortodontia na Virginia Commonwealth University (VCU), em Richmond, nos Estados Unidos, é o entrevistado da mais recente edição do Dental Press Journal of Orthodontics (DPJO) – volume 22, número 3. Coordenada pelo baiano André Wilson Machado, que teve a oportunidade de conviver com Lindauer na VCU, a entrevista entra para o hall de textos históricos do periódico, com revelações curiosas sobre sua carreira como Ortodontista, professor e editor-chefe de um dos periódicos de Ortodontia mais importantes do mundo. Suas impressões sobre ética na pesquisa científica, ensino de Odontologia e novas tecnologias também estão explícitas.

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Lindauer é editor-chefe do The Angle Orthodontist, um dos principais periódicos da especialidade no mundo (Foto: Divulgação)

“Eu decidi que queria me tornar ortodontista quando tinha 12 anos e estava passando por tratamento ortodôntico. Eu gostava do meu ortodontista, pois ele era alegre e amigável e parecia gostar muito do que fazia”, diz Lindauer, que cursou Odontologia na Universidade de Connecticut, conhecido celeiro de grandes mestres da Biomecânica, como Charles Burstone e Ravindra Nanda.

“A ideia de aplicar física à biologia me parecia especialmente interessante e — mesmo sem saber que essa era a resposta correta — foi isso que eu disse ao Dr. Burstone durante minha entrevista de admissão para seu departamento de Ortodontia, em Connecticut. Eu também me lembro de ter dito que queria abrir um consultório particular de Ortodontia, dar aulas em regime parcial, desenvolver pesquisa e ser editor de uma revista ortodôntica. O Dr. Ravi Nanda, que também era membro do corpo docente do departamento de Ortodontia em Connecticut, me disse durante a entrevista que seria impossível fazer tudo isso. Eu jamais imaginei que acabaria lecionando em tempo integral em uma universidade, mas acho que, desde aquele momento, o Dr. Burstone já sabia que seria assim”, conta.

Além de Machado, participaram da entrevista Jorge Faber, editor-chefe do JWFO, David Turpin, editor emérito do AJO-DO, Bhavna Shroff, diretora do programa de pós-graduação em Ortodontia da VCU, e David Normando, editor-chefe do DPJO.

Confira um trecho da entrevista exclusiva:

Eu sei que o Sr. teve a oportunidade de viajar bastante. Quais diferenças notou na profissão ao redor dos diferentes países que teve a chance de visitar? (Andre W. Machado)

Lindauer – Um dos maiores benefícios de se trabalhar no ambiente acadêmico e também ser editor de um periódico de Ortodontia é a experiência que pude acumular viajando para diferentes países e observando como a Ortodontia é ensinada e praticada de maneiras diversas em cada região. Honestamente, há menos diferenças do que eu havia previsto inicialmente. Quanto mais eu fui aprendendo, mais fui percebendo que havia muito mais semelhanças do que diferenças de país para país.

Há, porém, diferenças no modelo acadêmico ao redor do mundo. Nos EUA, os alunos frequentam programas pré-universitários e devem se formar antes de concluir os quatro anos na Faculdade de Odontologia. A partir de então, a especialização em Ortodontia pode durar dois anos ou mais.

Em outros lugares ao redor do mundo, requer-se a conclusão do segundo grau completo (o que nos EUA é chamado de high school) e, então, o curso de Odontologia dura cinco ou seis anos adicionais, seguidos por no mínimo três anos de especialização em Ortodontia. Durante uma certa época, os EUA foram vistos por muitos países como o líder na especialidade ortodôntica. Isso era de se esperar, tendo em vista que Edward Angle contribuiu significativamente para conformar os caminhos da Ortodontia no início do século XX.

Contudo, o mundo é um lugar muito menor, agora. Muitos professores de várias partes do mundo foram treinados nos EUA e na Europa, e a globalização generalizada das filosofias e ideais tornou tudo aquilo que aprendemos, ensinamos e praticamos muito mais homogêneo ao redor do mundo.

É evidente que a publicação dos “periódicos impressos” está chegando ao fim. Que meios tecnológicos podem ser utilizados para estimular uma maior visibilidade aos resultados das pesquisas que estão sendo produzidas ao redor do mundo? É possível que vocês se beneficiem desses meios de comunicação? (David Turpin)

Eu concordo que, em breve, chegará o momento em que os periódicos deixarão de ter sua versão impressa. Na verdade, todas as vezes que o conselho que administra o The Angle Orthodontist se reúne, nós falamos sobre essa questão.

Ironicamente, apesar da veiculação e do número de leitores da revista online serem mais de 30 vezes maiores do que a quantidade de assinaturas impressas, os autores e os anunciantes mostram uma forte preferência pela versão impressa. Atualmente, o fato de ter a versão impressão parece aumentar a credibilidade do periódico, em comparação aos com versão somente online.

Atualmente, a versão online da revista é tratada da mesma forma que a versão impressa. Uma vez publicada, não  há maneira de alterá-la, exceto por meio da publicação de errata em uma edição subsequente. Essa é uma exigência dos mecanismos de indexação. Em alguns casos, chegamos a remover completamente artigos que foram postados como “online early” — devido a alguns problemas de má conduta —, mas isso não seria permitido se o artigo tivesse apare-
cido em uma edição online definitiva.

Tudo isso está relacionado à estatura e à credibilidade do periódico. No dia em que, eventualmente, abrirmos mão da versão impressa e ficarmos somente online, eu veria a The Angle Orthodontist como um periódico indexado, com revisão por pares, que passou a ser publicado somente online. Não creio que eu fosse querer que ele se torna-se interativo ou sujeito a postagens online sem censura, em relação a artigos em particular. É importante controlar a qualidade do que é publicado e postado.

A versão digital do DPJO já está disponível no aplicativo (clique aqui para baixar o app). A versão impressa deve chegar a todos os assinantes até o fim de julho.

Ainda não é assinante? Clique aqui e conheça a revista oficial da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR) e do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).

 

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