Dental Press Portal

Tenho muitas dúvidas sobre o que empregar para reconstruir grandes perdas coronárias. Quando usar núcleos de preenchimento com ou sem pinos pré-fabricados e núcleos fundidos?

 

 

decay2

 

A reconstrução de tecido coronário perdido por cárie, acesso endodôntico ou fratura tem como finalidade criar condições ideais para a realização de preparos dentários totais ou parciais com princípios biomecânicos adequados para receberem restaurações protéticas. A seleção dos materiais e das técnicas a serem empregados depende da extensão da perda tecidual, da localização do dente envolvido e do tipo de função que o dente pilar irá exercer; unitária ou múltipla.
Os dentes que apresentam pequena perda de estrutura,cujo remanescente coronário é suficientepara conter um material de preenchimento e de resistir mecanicamente aos esforços mastigatórios não necessita do reforço de pinos intrarradiculares. É importante ressaltar que a análise do remanescente coronário deverá ser feito levando-se em consideração o desgaste promovido pelo preparo dentário selecionado.

Como exemplo, consideremos um dente premolar com uma restauração direta MOD que após a sua remoção apresenta espessura de paredes vestibular e/ou lingual de 3 mm. Caso se decida confeccionar uma coroa cerâmica para este dente ele deverá sofrer um desgaste axial de aproximadamente 1,5 a 2 mm, preservando apenas uma espessura de 1,5 a 1 mm destas paredes remanescentes, sendo insuficiente para resistir aos esforços funcionais e levando, com frequência, ao deslocamento da coroa pela fratura coronária. Neste caso, o emprego de um reforço intrarradicular promoveria um aumento da resistência mecânica do remanescente coronário. Os pinos pré-fabricados podem contribuir de forma importante nestes casos, quando o remanescente é viável e apresenta uma altura e espessura adequadas. Quando empregados em dentes anteriores atuam como reforço estrutural e auxiliam na retenção do material de preenchimento, enquanto nos posteriores atuam de forma mais significativa na retenção, devido ao sentido das forças oclusais. A indicação dos pinos pré-fabricados está inversamente relacionada com a perda tecidual e com a extensão da prótese. Quanto maior for a perda tecidual e a extensão da prótese (ou a demanda funcional), menos indicado está o emprego de pinos pré-fabricados. Embora alguns fabricantes recomendem seu uso de forma indiscriminada, é consenso na literatura que deve-se restringir seu uso aos casos indicados.
Os materiais empregados para preenchimento são a resina composta (específica ou não) e o ionômero de vidro. Os dois materiais apresentam bom desempenho, propriedades mecânicas e clínicas.

Os núcleos fundidos são utilizados na odontologia desde o início do século passado e desempenharam ao longo destes anos um importante papel na odontologia restauradora. Os diversos casos de insucesso, principalmente de fratura radicular, relacionados aos núcleos fundidos não devem ser computados à técnica em si, mas sim a erros de planejamento e/ou execução. Dentro dos limites de sua indicação e respeitando-se seus princípios básicos de comprimento, diâmetro e conicidade de preparo, é um procedimento seguro e longevo, de acordo com a literatura. A propriedade estética dos pinos de fibra associados com núcleos de preenchimento de resina composta só é relevante quando o material da coroa apresenta translucidez elevada como nos casos de sistemas a base de dissilicato de lítio. Entretanto, caso seja mais indicado o emprego de um núcleo fundido em um dente com impacto estético seria mais prudente optar-se por um sistema com infra-estrutura cerâmica opaca, capaz de impedir o efeito desagradável do substrato metálico, como a zircônia.

Fonte: Jornal da Aborj Nº12 / Drs. Márcio Zacché e Paulo S. Vanzillotta

Sair da versão mobile