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Desafios – por Ronaldo Hirata

Ronaldo Hirata
Professor de biomateriais na Universidade de Nova York e autor dos best-sellers Tips – Dicas em Odontologia Estética (Artes Médicas, 2010), Shortcuts em Odontologia Estética (Quintessence, 2016) e Flow (Dental Press, 2017), e editor-chefe da revista Estética.

Não estou completamente certo se sempre gostei de desafios ou, mais provável, me obriguei a aceitá-los como algo que em algum momento fará sentido. Não se engane, leitor, eu adoro a zona de conforto, mas grandes histórias não são criadas assistindo novela no sofá de casa ou procurando saber o que outros estão fazendo, seguindo seu Instagram para saber qual a “tendência”. Histórias são criadas por grandes acertos e grandes fracassos. Gosto muito desse aspecto. Sobretudo por sonhos.

Lembro-me, ainda, de uma das discussões que tive com meu pai (reconheço que devo ter feito ele sofrer demais comigo). Pela minha memória, ele me dava conselhos sobre como lidar com as coisas com mais cuidado e segurança, principalmente investimentos. Lembro-me de responder: “Pai, sabe essas pessoas que casam, financiam sua casa em 20 anos e ficam pagando pacientemente? Eu gostaria de ser assim, mas não sou. Ou vou dar muito certo na vida ou muito errado, mas no meio do caminho não vou ficar”. Essa resposta mal-educada tentava, em parte, justificar meu pensamento e personalidade. Você já percebeu, leitor, que sou um péssimo introdutor de mim mesmo.

Aceitei ser o editor chefe deste projeto inicial de Sidney Kina, quando, em sua visão de artista, usando sua sensibilidade, ele criou algo que na época foi fantástico. Hoje, assumo em um momento em que periódicos mudaram muito no contexto da comunicação. Acredito ter tentado dar, a partir de agora, minha cara, e trazer ciência como a fonte única do real conhecimento, com a associação de grupos sérios como GBPD, GBMD e SEOC.

Lembro-me de ter negado o convite quando esse foi feito; e de, minutos depois, meu inconsciente — que costumo chamar de “super Hirata” — me dizer o oposto. Meu inconsciente dizia: vai lá, essa é uma oportunidade de fazer algo diferente. Eu vim. Resolvemos mudar todo o design da revista, corpo editorial, seções, inclusive retomando o nome “Estética”. Se for para acertar ou errar, tem que ser grande, como já comentei antes.

Estava vendo uma palestra sobre lideranças e lembro-me do professor citar Martin Luther King, dizendo que ele nem era o mais preparado ou o melhor orador no momento; mas ele simplesmente levou pessoas a acreditarem em um projeto. Ele não tinha exatamente ideia do como; tinha o ideal, o sonho, mas não o plano. Lembre que seu discurso não falava: “Tenho um plano”. Ele, como eu digo agora, somente declarava:

“Eu tenho um sonho”. E você, está comigo?

*Pulicado originalmente como editorial da JCDR, v15n2. 

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