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Dentistas em UTI podem reduzir em até 56% as infecções respiratórias, diz estudo da USP

Estudo apresenta prevenção de doenças respiratórias com a presença de dentistas nas UTIs

No ano passado, durante as campanhas eleitorais, o então candidato a presidência Jair Bolsonaro (PSL) colocou como uma das propostas na área da saúde, a presença de um cirurgião-dentista na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) como forma de precaução à doenças respiratórias que teriam origem na boca. A proposta teve opiniões divididas e causou repercussão nos noticiários de todo o País.

Este ano, após a posse, não houve ainda uma movimentação do governo para cumprir com a promessa. Entretanto, um estudo da USP (Universidade de São Paulo) aponta que a presença de um dentista na UTI pode reduzir em até 56% as chances de desenvolvimento de infecções respiratórias nos pacientes. O estudo, realizado pelo professor Fernando Bellíssimo Rodrigues – do Departamento de Medicina Social da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) –, contou com 254 paciente adultos internados na UTI.

A pesquisa integrou à equipe da UTI um cirurgião-dentista, prestando cuidados semanais aos pacientes. Rodrigues adianta que a presença de cirurgião-dentista em UTI é uma prática que já ocorre em alguns hospitais do Brasil, mas não havia comprovação científica da eficácia desse profissional integrado à equipe de uma unidade intensiva.

“Já havia uma ideia anterior de que as condições de saúde bucal influenciavam o risco de pneumonia e outras infecções respiratórias. Isso vem sendo estudado há algumas décadas na literatura. Começou encontrando-se algumas bactérias na boca e depois posteriormente no pulmão dos pacientes. Progrediu-se testando alguns anti-sépticos bucais para a prevenção de pneumonia – o que na literatura tem resultados conflitantes”, destacou.

A presença do cirurgião-dentista na seria para prestar auxílio a higiene bucal, o que segundo o professor, viabilizaria um ambiente mais salubre visando a prevenção de bactérias que inoculassem o paciente pelas vias orais e que, possivelmente se instalariam na cavidade bucal, sendo “despachadas” depois para as vias respiratórias.

“Uma grande parcela dos pacientes internados em UTI têm uma mobilidade muito reduzida. A gente tem até, as vezes, muita dificuldade de levá-los aos aparelhos de raio-x ou tomografia para fazer um exame. Então o tratamento é feito in loco de maneira coordenada com toda a equipe multidisciplinar”, ponderou.

Reportagem com informações de Ferraz Jr. para o Jornal da USP

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