Quando o organismo não recebe quantidade suficiente de vitamina D, alterações microscópicas ocorrem nas camadas da dentina, criando um registo permanente. Este registo pode ser comparado aos anéis de uma árvore, que podem ser lidos até centenas de anos mais tarde. De acordo com pesquisadores da McMaster University, no Canadá, essas alterações podem ajudar os antropólogos a colher pistas sobre como era a vida séculos atrás.
“As camadas registram o que aconteceu durante o crescimento dos dentes”, diz Lori D’Ortenzio, doutorando em antropologia pela universidade canadense e um dos autores do estudo, publicado no Journal of Archeological Science. “Sabemos da importância da vitamina D, mas até agora não havia uma maneira tão clara de medir o que aconteceu com as pessoas e quando aconteceu.”
A descoberta pode, por exemplo, fornecer informações valiosas sobre a deficiência de vitamina D, também conhecido como raquitismo, que afeta cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. A maioria dos casos de raquitismo é causada pela falta de exposição ao sol, com efeitos que incluem dores, deformidades ósseas e incapacidade de atingir ou manter os níveis ósseos adequados.
Normalmente, os cientistas utilizam os ossos para entender os padrões históricos da deficiência de vitamina D. Entretanto, essa não é a melhor fonte de informação porque o material ósseo se renova constantemente durante a vida, ocultando detalhes de danos mais antigos. Além disso, os ossos interagem com o solo após a morte.
A dentina é uma fonte de informação sobre a deficiência de vitamina D melhor do que os ossos, pois não se renova – e o esmalte a protege por muito tempo após a morte, ou seja, são fósseis orais.
Os pesquisadores compararam os dentes dos indivíduos do grupo de controle aos dentes extraídos de corpos enterrados em Quebec (Canadá) e na França, entre os anos 1700 e 1800. A análise mostrou que um homem de Quebec tinha sofrido quatro episódios de raquitismo nos seus 24 anos de vida, antes dos 13 anos de idade.
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Examinando finas camadas do dente no microscópio, utilizando a tecnologia de microscopia eletrônica, os pesquisadores mostraram as anomalias formadas nas camadas de dentina ao longo dos anos, quando as pessoas não conseguiam obter vitamina D suficiente para mineralizar plenamente as estruturas que formam dentina e os ossos.
Fonte: Dentistrytoday.com