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Doenças que imitam lesões periapicais em dentes com vitalidade pulpar

Muitos profissionais ficam confusos quando um dente tem lesão periapical e mantém a vitalidade pulpar. O fato é que algumas doenças causam lesões que imitam imagiologicamente as lesões periapicais crônicas inflamatórias, e os dentes permanecem com vitalidade pulpar. Na seção Endo in Endo da edição V8N1 da revista Dental Press Endodontics (DPE), os professores Alberto Consolaro, Antônio Cesar de Azevedo, Walter Genovese, Ingrid Oliveira e Dario Miranda fornecem critérios para o diagnóstico e condutas para o tratamento desses casos.

“Abrir a coroa de um dente com vitalidade e expor a polpa viva para extirpá-la, esperando que isso resolva o problema de uma lesão periapical com a obturação do canal, é equivocado, e não contribui nem para o diagnóstico, nem para a terapêutica”, dizem os autores. Eles lembram que em dentes com vitalidade pulpar e lesões periapicais de origem a determinar, é muito importante a inter-relação clínica, imagiológica e microscópica para a troca de experiências e conhecimento, visando um diagnóstico seguro e terapêutica eficaz.

Confira as doenças que mais comumente promovem esse tipo de situação:

1. Displasia cementária periapical: É a primeira hipótese quando ocorre a lesão que simula uma lesão periapical nos dentes anteroinferiores com vitalidade pulpar. Nos orientais, ela ocorre nos pré-molares e caninos inferiores.

2. Cementoblastoma benigno: É a primeira hipótese caso a lesão que simula uma lesão periapical esteja localizada nos molares inferiores, especialmente nos primeiros molares. No entanto, muito raramente ocorre nos molares superiores e até em dentes decíduos.

3. Cisto nasopalatino: É a primeira hipótese caso a lesão que simula uma lesão periapical esteja nos in- cisivos centrais superiores. Em casos de cistos periodontais apicais em incisivos centrais superiores com vitalidade pulpar, deve-se suspeitar primeiramente de cisto nasopalatino.

lesões periapicais

4. Cisto ósseo simples: É a primeira hipótese caso a lesão que simula uma lesão periapical esteja nos pré-molares inferiores, mas pode ocorrer na altura dos incisivos ou dos molares inferiores, pois a mandíbula é a mais afetada, apesar dessa lesão ocorrer também em outros ossos do corpo.

5. Queratocisto odontogênico: é um cisto que deriva das ilhotas e cordões epiteliais conhecidos como restos epiteliais da lâmina dentária, distribuídos aleatoriamente nos ossos maxilares, incluindo o ligamento periodontal e as regiões periapicais.

6. Ameloblastoma: O ameloblastoma pode simular uma lesão periapical quando for considerado pequeno, visto que pode chegar a grandes tamanhos. Quando pequeno e ainda limitado à região periapical ou lateral das raízes dentárias, tende a ser semelhante ao queratocisto odontogênico. O ameloblastoma e suas variáveis são neoplasias odontogênicas benignas, mas muito agressivas, por serem invasivas e recidivantes.

Ameloblastomas na região periapical dos molares inferiores, destacando-se as reabsorções radiculares em plano (Foto: Reprodução DPE/Dental Press)

7. Outras lesões radiolúcidas com ou sem radiopacidade associada: em geral, se tratará de um dos vários cistos e tumores odontogênicos, como o cisto odontogênico glandular, cisto odontogênico botrioide, cisto odontogênico calcificante ou cisto de Gorlin, fibroma odontogênico, tumor dentinogênico de células fantasmas, lesão central de células gigantes e outros. Além dessas lesões benignas mencionadas, há, ainda, as lesões de comportamento maligno intraósseas que, em seu início, podem imitar lesões periapicais crônicas em dentes com vitalidade pulpar.

No dia a dia clínico do estomatologista, patologista bucal e cirurgião bucomaxilofacial, não é raro se encontrar algumas dessas lesões descritas no artigo, com todos os dentes relacionados a elas apresentando tratamento endodôntico, realizado de forma sequencial, como tentativa de resolver o problema da lesão.

O trabalho completo, com o detalhamento dos critérios para o diagnóstico e condutas para o tratamento, está disponível na primeira edição de 2018 da DPE.

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