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Conheça a síndrome que atinge Dustin, da série do Netflix “Stranger Things”

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Sem os dentes da frente, Dustin conquistou os fãs com seu carisma (Foto: divulgação)

O personagem mais querido da série do Netflix “Stranger Things”, Dustin, tem chamado atenção não só pelo carisma, mas por uma característica muito peculiar: ele é “banguela”. Zombado na escola por isso, logo no primeiro capítulo ele explica aos colegas o motivo: ele sofre de displasia cleidocraniana, uma síndrome que atinge principalmente os ossos da face e a clavícula e que atrasa o crescimento dos dentes. O autor da série inseriu o assunto no roteiro porque o ator mirim Gaten Matarazzo, intérprete de Dustin, tem essa síndrome.

De acordo com o cirurgião Dr. Marcos Pitta, da Maxime Odontlogia, a síndrome tem como uma de sua manifestações um hipodesenvolvimento da maxila e dorso nasal, sendo necessário nesses casos uma cirurgia ortognatica para avanço maxilar e correção da mordida cruzada e oclusão de Classe III. Em maio deste ano, Gaten fez sua primeira cirurgia para correção da dentição e exibe, com orgulho, sua prótese em diversas fotos no Instagram.

Ele explica: “são dentes falsos” (Foto: reprodução Instagram)

Para explicar melhor essa síndrome e como minimizar seus efeitos, convidamos a ortodontista Dra. Daianne Gobbe, da Clínica Dental Press. Confira:

“A Displasia Cleidocraniana (DCC) é uma doença rara que causa displasia esquelética, com prevalência de um em um milhão, podendo ser por fatores hereditários ou por mutação do DNA. Tem como causa um defeito do gene CBFA1, presente no cromossomo 6p21, que controla a diferenciação das células percursoras em osteoblastos, primordiais para a formação do tecido ósseo.

Os pacientes portadores da DCC apresentam características bem marcantes.  Geralmente apresentam estatura baixa e hipoplasia da clavícula – em alguns casos, o osso é totalmente ausente. A sutura sagital e fontanelas permanecem abertas. O desenvolvimento do terço médio da face é comprometido, com padrão facial braquicefálico, tornando essa característica mais evidente devido ao aumento exagerado do diâmetro transversal do crânio, além de bossa frontal e parietal pronunciadas.

As alterações bucais, geralmente associadas, são de atresia maxilar e fissura labiopalatal. Os dentes decíduos têm erupção normal, mas o processo de esfoliação é retardado fazendo com que a erupção dos dentes permanentes sofram modificações, sendo comum a formação de dentes supranumerários.

O diagnóstico da DCC é feito, geralmente, em uma fase mais tardia, visto que os pacientes apresentam uma vida normal, sem complicações médicas relevantes que o façam procurar atendimento médico. Sendo assim, o diagnóstico precoce feito através de avaliação odontológica é muito importante, para que se possa minimizar as alterações bucais decorrentes da síndrome. É fundamental que o profissional saiba reconhecer as características da DCC para determinar um plano de tratamento correto, visto que a exodontia dos dentes decíduos não irá fazer com que os permanentes irrompam, podendo causar dano maior ao paciente se forem realizadas. Dessa forma, faz-se necessária a integração entre a cirurgia, ortodontia e reabilitação, para restabelecermos a função e a estética do paciente.”

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